Os mais de 10 mil soldados da missão de paz da ONU no Líbano (Unifil) já não conseguem realizar patrulhas devido à intensidade dos combates, anunciou hoje o porta-voz do Secretário-Geral da ONU, Stéphane Dujarric.
"Os nossos soldados da paz da Unifil permanecem em posição na área de responsabilidade da missão, enquanto a intensidade dos combates impede os seus movimentos e a capacidade de cumprir as suas tarefas", disse Dujarric.
"Dada a intensidade da troca de `rockets`, não podem patrulhar", explicou o porta-voz, salientando que os capacetes azuis da ONU apenas podem observar a situação a partir do local onde estão estacionados.
Questionado sobre a possibilidade de uma retirada das forças de manutenção da paz no caso de uma nova escalada da situação, Dujarric recusou especulações, embora tenha admitido que há um "plano de contingência".
Com mais de 10.000 homens, a Unifil está estacionada no sul do Líbano desde 1978, para servir de tampão entre este país e Israel.
O seu papel foi reforçado desde o conflito de 33 dias entre o Hezbollah e Israel, no verão de 2006.
Esta força das Nações Unidas é responsável por monitorizar a implementação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança, que estipula que apenas o Exército libanês e as forças de manutenção da paz podem ser destacados para o sul do Líbano.
Assim, esta força patrulha a região ao longo da Linha Azul, a zona de demarcação estabelecida pela ONU entre o Líbano e Israel.
Israel e Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado diário desde 07 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelita que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, levando a que dezenas de milhares de pessoas tenham abandonado as suas casas em ambos os lados da fronteira israelo-libanesa.
Os ataques de Israel contra o Hezbollah intensificaram-se de forma substancial nos últimos dias, após as autoridades militares de Telavive terem anunciado uma deslocação das operações da Faixa de Gaza para o norte do país.
O Hezbollah integra o chamado "Eixo da Resistência", uma coligação liderada pelo Irão de que fazem parte também, entre outros, o grupo extremista palestiniano Hamas e os rebeldes huthis do Iémen.
O Hezbollah confirmou no sábado a morte do líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, horas depois de o exército israelita ter anunciado que o líder xiita pró-iraniano tinha morrido no bombardeamento da sede da organização na sexta-feira, nos subúrbios sul de Beirute.
Israel já tinha matado este mês o chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute.