Candidato de extrema-direita a governador de São Paulo quer fim de câmaras corporais da polícia

por RTP
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O Estado brasileiro de São Paulo foi o primeiro a aprovar e usar câmaras corporais nos fatos policiais. Mas Tarcísio de Freitas, candidato a governador deste Estado, quer rever a política de uso destes equipamentos por parte dos agentes de autoridade, estando a considerar retirá-los sob o argumento de que "é uma situação que deixa o policial em desvantagem em relação ao bandido".

Desde o início da sua campanha, o candidato de extrema-direita ao cargo de Governador de São Paulo tem manifestado a sua posição contra o uso das câmaras corporais, argumentando que estas inibem a “ação policial” e “atrapalham a produtividade”.

A proposta de “reavaliação” de um projeto para acabar com o uso destes equipamentos não é propriamente uma surpresa na campanha, dado o histórico de Tarcísio de Freitas. O ex-ministro das Infraestrutura no Governo do presidente Jair Bolsonaro era também um dos negacionistas da Covid-19, promete processar mulheres que fazem abortos ilegais e enfrenta os reitores das universidades que acusam as suas políticas de ameaçar a posição que São Paulo ocupa nos rankings da Educação.

Embora não seja uma novidade, a questão das câmaras incorporadas no equipamento dos polícias é a que tem causado mais polémica nesta candidatura, uma vez que, desde que foram implementadas, o número de mortos em confrontos policiais diminuiu, assim como o número de pessoas que tentaram resistir em casos de detenção.

“As declarações de Freitas, que contrariam os resultados positivos verificados pelo Governo de São Paulo, não surpreendem porque ele representa o Governo Bolsonaro, de negacionistas que não se importam com estatísticas ou ciência”
, disse ao Guardian Ariel de Castro Alves, advogado que também é presidente de uma importante organização anti-tortura.

“Ele assume estas posições porque segue a linha de Bolsonaro de promover a violência policial”.

O argumento de ambos é o de que o uso de câmaras corporais constrange o agente da polícia e que sem a tecnologia os infratores teriam de “respeitar” as autoridades. Contudo, considerando a polémica em torno desta questão, Tarcísio de Freitas tem alterado o discurso, admitindo agora que vai reunir com especialistas para debater a remoção das câmaras corporais.

Apesar da controvérsia, o candidato da extrema-direita e apoiante assumido de Bolsonaro é o favorito, segundo as sondagens, para o cargo de governador do populoso Estado paulista.

Só em 2020, morreram 6.416 pessoas em confrontos com a polícia brasileira, correspondendo a quase um terço dos homicídios no Estado de São Paulo.


Mas desde que foram introduzidas as câmaras corporais, os homicídios diminuíram drasticamente, assim como o número de agentes mortos em serviço, de acordo com estatísticas da Polícia Militar brasileira.
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