Candidata da Nova Frente Popular quer tirar a França da paralisia

por Lusa

A candidata a primeira-ministra francesa da Nova Frente Popular (NFP, esquerda), vencedora das eleições legislativas antecipadas de julho, afirmou hoje querer tirar o país da paralisia e procurar compromissos com outras forças, antes de se reunir com o Presidente.

"Estamos aqui para lembrar ao Presidente a importância de respeitar o resultado das eleições e de tirar o país da paralisia em que está mergulhado", disse Lucie Castets à chegada ao Palácio do Eliseu um pouco antes das 10:30 horas locais (09:30 de Lisboa) antes da reunião convocada por Emmanuel Macron.

Os representantes da NFP também se deslocaram ao Eliseu, nomeadamente o coordenador da França Insubmissa (LFI, esquerda radical) Manuel Bompard; o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure; a secretária nacional dos Ecologistas, Marine Tondelier, e o secretário nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel.

"Viemos propor uma solução de estabilidade. Fizemos hoje a escolha de estarmos todos juntos, os quatro líderes dos partidos, os representantes dos presidentes, os presidentes dos grupos na Assembleia e no Senado", afirmou Castets.

A coligação de esquerda foi o primeiro partido na agenda de hoje de Macron, por ser o bloco com mais deputados eleitos na Assembleia Nacional francesa resultante das eleições legislativas de 07 de julho, que ditaram que o partido presidencial perdesse lugares.

No entanto, os 193 deputados da NFP estão longe da maioria absoluta necessária para governar (289) e os restantes grandes blocos ameaçam derrubar qualquer governo que inclua figuras da França Insubmissa (LFI), um partido que é divisivo no seio da coligação.

"Estamos a mostrar que estamos unidos e que somos fiéis ao mandato que nos foi conferido pelos eleitores", disse a candidata a primeira-ministra, referindo que "se o Presidente da República tomasse qualquer outra decisão, estaria a enviar o sinal de que não ouviu a exigência do povo francês de uma mudança de direção e de método".

O Presidente francês, que convocou uma trégua política durante a realização dos Jogos Olímpicos, insiste que, antes de nomear um primeiro-ministro, os partidos devem dialogar para construir maiorias estáveis que garantam a governabilidade.

"Estamos conscientes de que é isto que viemos apresentar ao Presidente da República e que vamos ter de mudar os nossos métodos e procurar compromissos na ausência de uma maioria absoluta. Estamos preparados para isso. A Nova Frente Popular é a única coligação com um programa e um candidato. Estamos prontos a propô-lo", acrescentou Lucie Castets.

A coligação de esquerda, que conseguiu chegar a um consenso na nomeação da funcionária pública Lucie Castets como a sua candidata a governar, promete uma política de rutura, que inclui o aumento do salário mínimo e a revogação da reforma das pensões.

A França, que nas últimas semanas é governada pelo governo demissionário de Gabriel Attal, está sob pressão com a proximidade de prazos orçamentais cruciais, que terão de ser aprovados no outono.

Depois da NFP, Macron receberá os representantes do seu próprio partido e dos conservadores da direita Republicana representados na Assembleia Nacional e Senado, bem como de outros partidos minoritários na expectativa de conseguir um governo maioritário.

No dia 26 de agosto, o chefe de Estado francês receberá a extrema-direita de Marine Le Pen, que ficou na terceira posição nas eleições legislativas.

Após estas consultas, o Presidente francês deverá nomear um primeiro-ministro que terá de ser aprovado pela Assembleia Nacional.

 

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