Um estudo do Eurostat revela que o cancro é responsável por mais de um quarto das mortes na União Europeia, com o cancro do pulmão a ser o mais fatal entre os homens e o da mama entre as mulheres. Em Portugal, metade da população tem pouco ou nenhum conhecimento sobre tratamentos para o cancro do pulmão.
Nesse ano, morreram em média 257 pessoas por cada 100 mil habitantes na União devido a cancro, com Portugal ligeiramente abaixo da média comunitária (246), tendo a população masculina sido mais afetada do que a feminina: 656.100 mortes entre os homens (29 por cento de todos os óbitos entre a população masculina), 511.600 entre as mulheres (23 por cento das mortes).O cancro do pulmão vitimou 4.600 portugueses em 2018.
Entre os homens, o cancro do pulmão foi o mais fatal (165 mil casos mortais, o que representa 25 por cento de todas as mortes causadas por cancro na população masculina da UE), seguido do cancro colorretal (77.400 mortes, 12 por cento) e do cancro da próstata (65.200 óbitos, dez por cento).
Entre as mulheres, o cancro da mama foi o mais fatal (84.300 mortes, o que representa 16 por cento de todas as mortes causadas por cancro entre a população feminina europeia), seguido do cancro do pulmão (74.100 mortes, 14 por cento) e pelo cancro colorretal (62.300 casos fatais, 12 por cento).
Reportando-se sempre a dados de 2016, o Eurostat destaca que o cancro causou 288.900 mortes entre pessoas com menos de 65 anos, o que representa 37 por cento de todas as mortes registadas na UE neste grupo etário.
Na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que o número de casos de cancro em todo o mundo poderá aumentar 60 por cento nos próximos 20 anos, se se mantiver o ritmo de expansão da doença.
Cancro do pulmão é o mais mortal Metade dos inquiridos num estudo sobre o cancro do pulmão reconhece ter "pouco ou nenhum conhecimento" sobre os diferentes tipos de tratamentos existentes para este tumor, que matou mais de 4.600 portugueses em 2018.O cancro do pulmão é o quarto tipo de tumor com mais incidência na população portuguesa e em termos de mortalidade o mais fatal.
Divulgado no Dia Internacional da Luta Contra o Cancro, o estudo "A perceção dos portugueses sobre cancro do pulmão" teve como objetivo aferir perceções, comportamentos e atitudes da população portuguesa em diferentes áreas relativas a este tumor.
Várias entidades uniram-se para fundar a Aliança para o Cancro do Pulmão, um projeto que é apresentado hoje em Lisboa e que visa "fazer frente" ao tumor que não é o mais prevalente em Portugal, mas o que mais mata.
O inquérito conclui que "quanto menor o grau de instrução dos inquiridos, maior o seu desconhecimento sobre as opções terapêuticas" para o cancro do pulmão.
De forma espontânea, 12 por cento dos inquiridos com graus de instrução mais elevados referiu a Imunoterapia", enquanto 68,5 por cento apontaram a quimioterapia, 44,8 por cento a radioterapia e 18,2 por cento a cirurgia, refere o estudo que é divulgado hoje na apresentação da Aliança para o Cancro do Pulmão, um novo projeto que reúne várias entidades.O inquérito decorreu entre os passados dias 14 e 20 de janeiro e foi realizado a uma amostra representativa da população portuguesa com mais de 18 anos, com telefone fixo ou móvel, constituída por 600 questionários.
Uma das conclusões do estudo aponta que 92 por cento dos inquiridos diz conhecer alguém que teve cancro e perto de 30 por cento conhece ou já conheceu alguém com cancro do pulmão.
O cancro da mama é, de forma destacada, o tipo de tumor que registou maior proximidade entre os inquiridos (51,4 por cento), seguido do pulmão (28,4 por cento), do estômago (17,7 por cento), do colorretal (15,4 por cento), do pâncreas 11,2 por cento, da próstata e 11 por cento do colo do útero.
Os resultados indiciam que a "proximidade" com o cancro do pulmão tem um impacto direto na perceção da sua gravidade e que quanto maior o grau de conhecimento dos inquiridos sobre esta doença, maior a gravidade que lhe atribuem comparativamente a outros cancros.O inquérito, elaborado pela Técnica Spirituc Investigação Aplicada, indica também que 43 por cento dos inquiridos considera o cancro do pulmão bastante mais grave do que a generalidade dos outros tumores.
Questionados sobre os comportamentos de risco, 93,7 por cento apontam o tabagismo, 42 por cento fatores ambientais, 15,2 por cento hábitos alimentares, 12,5 contexto profissional, 12 por cento fatores genéticos, oito por cento sedentarismo, 4,7 por cento exposição a produtos tóxicos, 2,5 por cento outras doenças associadas e 1,8 por cento fumar passivamente.
Há 1,2 por cento que consideram não existir comportamentos de risco, refere o estudo.
Tendencialmente, quanto maior o nível de instrução dos inquiridos, maior o número de referências que estes fazem aos fatores genéticos e ambientais enquanto fatores de risco para o cancro do pulmão
Na perceção dos inquiridos 68 por cento das pessoas com cancro do pulmão, são ou foram fumadoras.
Ainda que as diferenças não sejam muito expressivas, o estudo realça que "a população residente em ambiente urbano (70 por cento) tende a associar mais o tabagismo ao cancro do pulmão do que a população residente em meio rural (64 por cento).Um terço dos inquiridos acredita que, nos próximos cinco anos, o número de doentes com cancro do pulmão curados aumentará significativamente.
Relativamente aos principais sintomas da doença, 62,3 por cento referem a falta de ar, 46,8 por cento tosse persistente, 35,8 por cento cansaço, 24,7 por cento tosse com sangue, 16,5 por cento dor torácica, 15,3 por cento perda de peso, 14,8 por cento dores nas costas, 9,8 por cento falta de apetite. Há 7,7 por cento que não sabe identificar qualquer sintoma do tumor maligno.
A idade dos inquiridos está diretamente relacionada com o facto de nunca terem ido a uma consulta de Pneumologia. Ainda assim, quase 40 por cento dos inquiridos com mais de 74 anos nunca foi a uma consulta da especialidade.
"Se no caso dos homens, cerca de metade dos inquiridos afirmou já ter tido oportunidade ou necessidade de ser consultado por um pneumologista, no caso das mulheres, quase 70 reconheceu nunca ter ido a uma consulta desta especialidade", sublinha.
c/ Lusa