Lisboa, 02 nov (Lusa) - Organizações de 28 países, incluindo Portugal, lançam hoje uma campanha para acelerar o fim do uso do carvão na produção de eletricidade, alertando que as centrais termoelétricas europeias foram responsáveis por cerca de 19.500 mortes prematuras, em 2015.
A iniciativa "A Europa após o carvão" (Europe Beyond Coal), divulgada em Portugal pela Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, pretende combater o agravamento dos impactos das alterações climáticas e da poluição do ar e é apresentada como "uma enorme campanha coletiva para acelerar a retirada do uso de carvão na produção de eletricidade em toda a Europa e promover a energia renovável limpa".
Sublinhando a urgência da mudança, as organizações referem que a análise recente do impacto na saúde divulgada pela campanha mostra que, em 2015, "o conjunto das centrais a carvão na União Europeia foi responsável por aproximadamente 19.500 mortes prematuras e 10.000 casos de bronquite crónica em adultos".
Também salientam que "os custos para a saúde associados ao uso do carvão são igualmente surpreendentes, ascendendo até 54 mil milhões de euros".
Está a ser preparada uma situação que permita que "a Europa esteja livre do carvão até 2030, e a sociedade civil está a trabalhar em conjunto para que isso aconteça e aconteça mais cedo", segundo a diretora da campanha "Europe Beyond Coal", Kathrin Gutmann, citada pela Zero.
"Para que as nações cumpram os seus compromissos ao abrigo do acordo climático de Paris e protejam o bem-estar de seus cidadãos, as centrais térmicas a carvão precisam de ser encerradas muito mais rápido do que está a acontecer. Uma central a carvão em qualquer país é uma responsabilidade para toda a Europa e para o nosso planeta como um todo", acrescenta.
A coligação de organizações apela aos governos, cidades, empresas, bancos e investidores para que definam os seus planos para terminar o uso de carvão antes da reunião da ONU para o clima em 2018 (COP24), que será em Katowice, na Polónia.
A reunião climática da ONU deste ano, a COP23, que começa em Bona, na Alemanha, na segunda-feira, "é uma excelente oportunidade para compromissos adicionais e ambiciosos para eliminar o uso do carvão", defendem.
Desde 2016, as organizações da coligação "Europa após o carvão" ajudaram a retirar 16 centrais a carvão em toda a Europa e, "de acordo com os governos, há 39 centrais com encerramento previsto na Holanda, Reino Unido, Finlândia, França, Portugal e Itália", o que devia acontecer até 2030, "o mais tardar".
A campanha está tentar acelerar o encerramento das restantes 293 centrais da Europa.
No sábado, passa um ano da entrada em vigor do Acordo de Paris, conseguido em dezembro de 2015 e assinado por vários países a 04 de novembro de 2016, com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de modo a limitar a subida da temperatura média do planeta a 2º Celsius, ou 1,5ºC.