O ministro da Agricultura e do Ambiente cabo-verdiano afirmou hoje que Cabo Verde tornou-se em 2020 no "segundo mais importante" ponto de desova de tartarugas marinhas, com o número de ninhos num recorde de quase 200.000.
De acordo com os números avançados pelo ministro Gilberto Silva no debate de hoje no parlamento, sobre agricultura e ambiente, Cabo Verde viu o total de 10.725 ninhos de tartarugas detetados no arquipélago em 2015 aumentar para 198.787 ninhos em 2020, "quase 19 vezes mais".
"Cabo Verde passou a ser o segundo ponto mais importante da desova de tartarugas marinhas no mundo", afirmou o governante.
"Com a educação ambiental, vigia de mais de 180 quilómetros de praias e aplicação da nova legislação que criminaliza a caça e o consumo das tartarugas, a taxa de captura diminuiu significativamente, de 8,25% em 2015 para 1,54% em 2020", acrescentou.
Durante a sua intervenção, e destacando os maiores ganhos do país na componente ambiental, o ministro da Agricultura e do Ambiente recordou, entre outros, a classificação, em 2020, das ilhas do Maio e do Fogo como reserva mundial da Biosfera, garantindo que representa "ganhos ambientais e económicos" para Cabo Verde.
De acordo com dados da Direção Nacional do Ambiente, o melhor ano de nidificação das tartarugas marinhas em Cabo Verde tinha sido 2018, com um total de 109.126 ninhos registados, muito mais do que os 44.035 de 2017, os 30.470 do ano de 2016 e dos 10.725 no ano anterior.
As ilhas da Boa Vista, Sal e Maio representam mais de 95% das desovas no país.
"A campanha de 2018, com 1,19%, foi a melhor em termos de redução de captura, efeito imediato da aprovação da legislação de proteção das tartarugas", salientou o diretor nacional do Ambiente, Alexandre Nevsky, em declarações à Lusa em 2020.
Contudo, o responsável alertou que existe uma "probabilidade forte" de aumento de capturas devido aos efeitos da covid-19, que fez com que as associações tivessem menos voluntários internacionais na monitorização e menos capacidade de fiscalização através da Polícia Nacional e das Forças Armadas.
Desde 2016 que as autoridades cabo-verdianas estão a financiar 11 associações comunitárias e organizações em todas as ilhas, e são monitorizadas cerca de 167 quilómetros de praias em todo o território nacional.
Os dados acumulados desde 2015 apontam que a ilha da Boa Vista registou 248 mil ninhos, enquanto o Sal teve cerca de 64 mil e o Maio com quase 51 mil ninhos de desovas das tartarugas marinhas em cinco anos.
Cabo Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas desde 2018 está em vigor uma nova lei, que tipifica outros tipos de crime, nomeadamente o abate intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou desembarque, a exportação e o consumo.
A população de tartarugas marinhas `Caretta caretta` de Cabo Verde é a terceira maior do mundo, apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos da América) e em Omã (Golfo Pérsico).
O período de desova desta espécie começa anualmente em 01 de junho, mas em 2020, devido à covid-19, algumas associações arrancaram mais tarde, e vai pelo menos até novembro.