O presidente da assembleia provincial do Niassa, no norte de Moçambique, alertou para a possibilidade de os insurgentes usarem a província como "refúgio", na sequência da fuga face à ofensiva das tropas conjuntas em Cabo Delgado.
"Sejamos mais vigilantes porque a situação dos insurgentes em Cabo Delgado não está boa. A todo o custo [os grupos armados] estão a procurar refúgios e um dos refúgios pode ser a província do Niassa", alertou Artur Chitandale, citado hoje pela Rádio Moçambique.
O responsável falava durante a quinta sessão ordinária da assembleia daquela província.
Na terça-feira, a imprensa local anunciou que um grupo de homens armados terá raptado uma centena de jovens e incendiado barracas e residências na localidade de Naulala, em Niassa, uma das quais pertencentes ao chefe da localidade.
De acordo com o diário Notícias, terá havido um tiroteio entre a força da guarda fronteira e o grupo armado, suspeitando-se que este esteja relacionado com os grupos insurgentes de Cabo Delgado.
O presidente da assembleia provincial do Niassa pediu que se mantivesse a calma, referindo que "não se definiu que sejam os insurgentes" quem têm estado a protagonizar ataques naquela província.
"A situação não está esclarecida sobre o que está a acontecer connosco, particularmente na nossa província. Nestes momentos pode haver oportunismo, sejamos mais vigilantes", referiu Artur Chitandale, pedindo que a população denuncie o "movimento de pessoas estranhas".
A província do Niassa faz fronteira com Cabo Delgado, que é aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes armados sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.