Búfalos na Gorongosa passam de 50 para 1.500 em menos de 20 anos

por Lusa

A população de búfalos no Parque Nacional da Gorongosa passou de 50 para 1.500 em menos de 20 anos, indicam dados desta área protegida no centro do Moçambique, ainda distante da estimativa de 14.000 em 1972.

"Em 1972, a sua população era estimada em 14.000 e em 2006 existiam apenas 50. Entre 2006 e 2009 foram reintroduzidos 200 búfalos e há dois anos, durante o levantamento aéreo de fauna bravia, contámos cerca de 1.500 búfalos", descreveu hoje fonte do Parque Nacional da Gorongosa.

Os dados surgem numa altura em que o parque prepara um novo levantamento aéreo, que realiza a cada dois anos, para quantificar as espécies presentes.

"No final deste mês será feito novo levantamento aéreo e aguardamos com muita expectativa os novos números", disse a mesma fonte.

A Gorongosa foi o primeiro parque nacional de Portugal em 1960, na época colonial, dilacerado entre 1977 e 1992 pela guerra civil que se seguiu à independência de Moçambique, que afetou igualmente a população de búfalos.

O Parque Nacional da Gorongosa vai iniciar este mês um levantamento aéreo para "rastrear" em 220 mil hectares o número e a distribuição das diferentes espécies presentes na área protegida.

"Temos feito esta pesquisa a cada dois anos, desde 2014. Esta será a sexta pesquisa usando a mesma metodologia (...) O objetivo é rastrear os números e a distribuição das diferentes espécies", explicou à Lusa, em agosto, o diretor de ciências do Parque Nacional da Gorongosa, Marc Stalmans.

"Demoramos aproximadamente duas semanas para cobrir cerca de 220.000 hectares do parque", acrescentou, preferindo não avançar com expectativas específicas para este levantamento "para não enviesar" as observações.

A última contagem aérea da vida selvagem naquela área realizou-se em 2022 e documentou a presença de mais de 100.000 animais em 60% do Parque Nacional da Gorongosa, incluindo cerca de 1.500 gnus azuis ou 900 hipopótamos.

Esse levantamento detetou a presença de 2.875 crocodilos, 620 elefantes, 9.907 impalas, 5.685 javalis ou 41 zebras, entre outras espécies.

"A contagem mais baixa de elefantes em 2022 não deve ser alarmante", lê-se no mesmo relatório, reconhecendo não ter sido feita observação de carcaças na contagem aérea ou por patrulhas terrestres "como resultado de caça ilegal".

"Ao que tudo indica, a população de elefantes da Gorongosa é saudável e está crescente", referiu.

Em 2008, a fundação do milionário e filantropo norte-americano Greg Carr assinou com o Governo moçambicano um acordo de gestão do parque por 20 anos - prolongando-o por outros 25 anos em 2018 - que tem levado à renovação em várias frentes, com projetos sociais aliados à conservação e com o número de animais a crescer de 10.000 para mais de 102.000.

Há mais de 20 anos, Greg Carr redescobriu Gorongosa e o mais importante parque moçambicano nunca mais foi o mesmo, reabilitado, com mais fauna e flora, voltado para a comunidade, deixando o milionário e filantropo norte-americano emocionado.

"Na minha opinião, o melhor parque de todo o mundo. Porquê? Temos biodiversidade, beleza. O nosso projeto tem dois objetivos: conservação da natureza e desenvolvimento humano para as comunidades à volta do parque. Temos projetos de agricultura, saúde, educação. Estou orgulhoso", disse Carr, em entrevista à Lusa, em agosto, no Chitengo, em pleno Parque Nacional da Gorongosa.

Hoje, o parque representa quase um mundo à parte em Moçambique, com 1.700 trabalhadores, incluindo sazonais e uma força de fiscais da natureza que atua em todo o território. Na área do parque produz-se já café e mel da Gorongosa, a pensar na exportação e que representa uma renda para milhares de famílias.

"Somos o maior empregador do centro de Moçambique", garantiu.

"O que é invulgar é que o maior número de trabalhadores é de fora do parque. Dentro do parque temos fiscais da natureza, cientistas, trabalhadores de apoio ao turismo, mas fora temos técnicos de agricultura, promotores de educação e saúde. E como estamos a construir muitas coisas fora do parque, como escolas, temos empreiteiros. Acho que gastamos dois terços do nosso tempo e do investimento fora, na Zona de Desenvolvimento sustentável", explicou.

 

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