O presidente do Conselho Europeu instou o Parlamento em Estrasburgo a mostrar abertura a uma solução para o Brexit com extensão longa do prazo de saída. Donald Tusk pede aos parlamentares para que não ignorem os seis milhões de britânicos que assinaram um documento público manifestando a vontade de permanecer na União Europeia.
“Vocês [os deputados europeus] não podem trair os seis milhões que assinaram a petição pedindo a revogação do Artigo 50 [que pede a saída da União Europeia], um milhão de pessoas que saíram à rua e o cada vez maior número de pessoas que vem manifestando a vontade de permanecer na União Europeia”, propugnou esta quarta-feira Donald Tusk.
Tusk referia-se à iniciativa popular que levou mais de um milhão de pessoas a descer à rua em Londres com um pedido muito claro: que o Governo da primeira-ministra Theresa May convoque um novo referendo sobre a saída.
Por outro lado, há ainda a menção do Presidente do Conselho Europeu à petição nesse mesmo sentido de revogação do pedido de saída que foi assinada até ao momento por seis milhões de pessoas no Reino Unido.
Por outro lado, há ainda a menção do Presidente do Conselho Europeu à petição nesse mesmo sentido de revogação do pedido de saída que foi assinada até ao momento por seis milhões de pessoas no Reino Unido.
Pouco depois do discurso à câmara, acrescentaria num tweet da sua conta oficial que o Parlamento Europeu deveria também considerar a opção de uma extensão longa para a data de saída, uma forma de dar a possibilidade aos britânicos de poderem repensar a sua estratégia em relação ao Brexit.
Appeal to EP: You should be open to a long extension, if the UK wishes to rethink its strategy. 6 million people signed the petition, 1 million marched. They may not feel sufficiently represented by UK Parliament but they must feel represented by you. Because they are Europeans.
— Donald Tusk (@eucopresident) 27 de março de 2019
A questão introduzida por Tusk ao Parlamento remete para um dossier que não constitui surpresa na União Europeia, mas que poderá apanhar os britânicos fora de mão: se as vontades se concertarem no sentido de um prolongamento da saída, os britânicos terão de eleger os seus representantes nas eleições europeias de 26 de maio, o que obrigará não a apressar o processo no Reino Unido mas a desencadeá-lo de raiz.
A posição de Tusk não é nova, já a havia exposto na semana passada, quando a UE fez saber a sua resposta ao pedido britânico, impondo duas datas para a saída, 22 de maio com acordo e 12 de abril sem.
A posição de Tusk não é nova, já a havia exposto na semana passada, quando a UE fez saber a sua resposta ao pedido britânico, impondo duas datas para a saída, 22 de maio com acordo e 12 de abril sem.
“Antes do Conselho Europeu disse que devíamos estar abertos a uma longa extensão se o Reino Unido estivesse disposto a repensar a sua estratégia para o Brexit, o que obviamente implicaria que o Reino Unido participasse nas eleições europeias. Houve vozes que se ergueram dizendo que esse cenário seria prejudicial ou inconveniente. Deixem-me ser claro: esse pensamento é inaceitável”, defendeu Tusk.
Foi um Donald Tusk muito crítico face aos deputados que instou a câmara a rejeitar radicalismos, pedindo aos deputados que não abandonem os cidadãos britânicos: “Eles podem sentir que não são suficientemente representados pelo Parlamento britânico, mas têm de sentir que são representados por vocês nesta câmara, porque são europeus”.
Mas
Donald Tusk foi mais explícito na possibilidade de abortar todo o processo de saída, ao referir a possibilidade do fim deste “divórcio”: “Como disse depois do Conselho Europeu, 12 de abril é uma data chave em termos de o Reino Unido decidir se deve realizar eleições para o Parlamento Europeu. (…) Antes desse dia, o Reino Unido ainda tem uma escolha entre acordo, não-acordo, extensão longa ou revogar o Artigo 50”.
Esta quarta-feira, em Londres, a Câmara dos Comuns vai debater possíveis alternativas ao Acordo de Saída que Theresa May vinha tentando impôr aos deputados britânicos. Esta sessão nos comuns acontece já depois de os deputados terem retirado das mãos da primeira-ministra o rumo dos trabalhos sobre o Brexit.