Mais de 50 dias após a conclusão do Acordo de Saída, que estabelece as condições de saída do Reino Unido da União Europeia, 432 deputados britânicos rejeitaram a moção de Theresa May. A primeira-ministra reuniu apenas 202 votos. O Parlamento debate amanhã uma moção de censura ao Governo apresentada pelo Partido Trabalhista.
21h56 - União não ficou surpreendida
As reações foram rápidas a dar a entender que a União Europeia já esperava a rejeição do acordo de saída no Parlamento britânico, sintetiza a correspondente da Antena 1 em Bruxelas, Andrea Neves.
O presidente do Eurogrupo e ministro português das Finanças considera que o Brexit é uma má resposta para um problema real.
Sobre a votação desta terça-feira, Mário Centeno sustenta que uma saída sem acordo constitui "o pior cenário".
21h25 - Dublin pronuncia-se
Numa primeira reação oficial aos resultados da votação em Londres, o Governo da República da Irlanda sublinha "a clara posição" da União Europeia: os moldes do divórcio do Reino Unido não podem ser submetidos a renegociação.
"O Governo irlandês relembra a clara posição do Conselho Europeu na sua reunião de 13 de dezembro, quando declarou que o acordo de saída não está aberto a renegociação. Isto foi reiterado na carta conjunta dos presidentes Tusk e Juncker à primeira-ministra May, ontem", lê-se num comunicado de Dublin.
O Executivo irlandês "reconhece, contudo, que um Brexit desordenado é um mau desfecho para todos, a começar pela Irlanda do Norte".
"Não é tarde para evitar este desfecho e apelamos ao Reino Unidos para que mostre como se propõe resolver este impasse com urgência", remata.
21h05 - A posição de António Costa
O primeiro-ministro português lamentou a rejeição pelo Parlamento britânico do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, dizendo esperar que "rapidamente" Londres dê a conhecer os próximos passos.
António Costa falou aos jornalistas num hotel em Lisboa, pouco depois de ser conhecido o resultado da votação no Parlamento britânico.
"Lamento que não tenha sido possível aprovar o acordo que foi longamente negociado entre a União Europeia e o Governo britânico, porque era um bom acordo, já que correspondia às necessidades dos cidadãos britânicos na União Europeia e dos cidadãos da União residentes no Reino Unido. O acordo criava boas condições para uma transição para a saída do Reino Unido, que a União Europeia não deseja, mas que respeita, permitindo tempo para uma negociação calma e serena sobre a relação futura, que todos desejamos que seja o mais próxima possível", reagiu o primeiro-ministro.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou igualmente o chumbo.
"Em primeiro lugar, lamento o resultado, que impede que o Reino Unido possa aprovar o acordo de saída que a sua equipa negocial acertou com a equipa negocial da UE a 27", disse Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.
"E, evidentemente, esperamos que o Governo britânico diga quais são as suas intenções o mais brevemente possível, porque cria-se assim um impasse e compete ao Governo britânico dizer aos seus parceiros europeus o que tenciona fazer a seguir", acentuou.
21h00 - Britânicos "a contar as horas e os minutos"
Os britânicos e a Europa aguardaram com ansiedade o voto decisivo para a saída do Reino Unido da União Europeia.
A indefinição do Brexit está a provocar a queda de muitos negócios e os salários estão a descer visivelmente no Reino Unido.
20h53 - Governo "respeita a vontade da câmara"
Recordamos agora a intervenção de Theresa May logo após a rejeição do Acordo de Saída.
A primeira-ministra britânica declarou que "o Governo respeita a vontade da Câmara" e que, até segunda-feira, será feita uma declaração sobre o rumo a tomar.
Garantiu ainda que o Governo não tem como estratégia ganhar tempo até ao dia 29 de março.
20h48 - RTP em Londres
Em direto para o Telejornal, a enviada especial à capital britânical, Rosário Salgueiro, fez a antevisão do que pode ser o desfecho da moção de censura do Partido Trabalhista, que será submetida a votação na quarta-feira.
20h40 - Persistência do gabinete de May
Após a pesada derrota sofrida em Westminster, um porta-voz da primeira-ministra britânica afirma que Theresa May mantém a convicção de que o seu Acordo de Saída ainda pode servir de base a um entendimento para concretizar o Brexit.
Por sua vez, Boris Johnson, ex-ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, afirma que votará, na quarta-feira, a favor do Executivo conservador, embora tenha sido, nas últimas semanas, um dos principais críticos de May.
20h30 - "A Escócia votou por continuar na UE"
"Uma derrota histórica para a primeira-ministra e tem sido óbvio há meses que estava para acontecer. Foi desperdiçado demasiado tempo", escreve, por sua vez, a primeira-ministra escocesa.
"É a altura de parar o relógio do Artigo 50 e recolocar o assunto ao eleitorado. A Escócia votou por continuar na UE e não deveríamos ser arrastados para fora contra a nossa vontade", sublinha Nicola Sturgeon.
Historic defeat for the PM and it has been obvious for months that it was coming. Enough time has been wasted. It is time to stop the Article 50 clock and put this issue back to electorate. Scotland voted to remain in the EU and we should not be dragged out against our will.
— Nicola Sturgeon (@NicolaSturgeon) 15 de janeiro de 2019
20h23 - O que diz Farage
O ex-número um do UKIP Nigel Farage, um dos rostos da campanha pela saída da União Europeia, recorre também à rede social Twitter para defender que Theresa May deveria ter apresentado de imediato a demissão.
A catastrophic failure of leadership by @Theresa_May. If she has any sense of honour then she will resign.
— Nigel Farage (@Nigel_Farage) 15 de janeiro de 2019
20h14 - "A única solução positiva". Tusk reage
"Se um acordo é impossível e ninguém quer o não-acordo, então quem vai ter finalmente a coragem de dizer qual é a única solução positiva?", questiona no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, aludindo assim a um travão à saída do Reino Unido.
If a deal is impossible, and no one wants no deal, then who will finally have the courage to say what the only positive solution is?
— Donald Tusk (@eucopresident) 15 de janeiro de 2019
20h00 - Presidente da Comissão Europeia reage
"O risco de uma saída desordenada do Reino Unido aumentou" com a rejeição do Acordo de Saída, comentou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
I take note with regret of the outcome of the vote in the @HouseofCommons this evening. I urge the #UK to clarify its intentions as soon as possible. Time is almost up #Brexit https://t.co/SMmps5kexn
— Jean-Claude Juncker (@JunckerEU) 15 de janeiro de 2019
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Sublinhando que não existe qualquer acordo alternativo, Theresa May promete trabalhar com o Parlamento na próxima fase das negociações.
O Reino Unido deve reabrir as negociações com Bruxelas para alterar o Acordo de Saída, defendeu o líder da oposição.
"Digo isto aos nossos parceiros de negociação na União Europeia: se o parlamento rejeitar o acordo, então reabrir as negociações não deveria, e não pode ser excluído".
"Peço à Câmara para votar contra este Acordo", disse Corbyn.
A poucas horas da decisão, a enviada especial da RTP a Londres, Rosário Salgueiro, descrevia o ambiente às portas do Parlamento britânico.
318 votos
Theresa May precisa de 318 votos para ter o acordo aprovado, uma vez que os sete deputados do Sinn Fein, os quatro speakers e os quatro deputados que vão ajudar na contagem não são contabilizados.
Emendas a votar antes do escrutínio final
Uma terceira emenda foi apresentada por elementos do Partido Conservador e define que o Reino Unido vai rasgar o Acordo de Saída caso a União Europeia não concorde com uma solução que substitua o mecanismo de salvaguarda, criado para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.
Uma quarta emenda, também proposta por um deputado conservador, visa condicionar a aprovação à negociação do direito do Reino Unido em decidir unilateralmente (fazendo cair a necessidade de consentimento da União Europeia) sobre o final do backstop.
No entanto, outros meios de comunicação avançam que Theresa May poderá levar o Acordo de Saída novamente a votação no Parlamento.