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Brexit. May alerta para “maior divisão” caso parlamento rejeite acordo

por RTP
“Ninguém sabe o que irá acontecer se este acordo não for aprovado”, confessou May Piroschka Van De Wouw - Reuters

Theresa May advertiu que a rejeição do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia por parte do parlamento britânico irá provocar uma maior divisão e novas incertezas. A primeira-ministra esteve esta segunda-feira na Câmara dos Comuns a tentar convencer os deputados das vantagens do acordo aprovado no domingo pelos líderes da UE e que irá ser votado no parlamento a 11 de dezembro.

“Esta câmara terá de fazer uma escolha”, declarou May diante dos seus correligionários conservadores e dos partidos da oposição. “Podemos apoiar este acordo, ou esta câmara pode escolher rejeitá-lo e voltar à estaca zero”.

“Ninguém sabe o que irá acontecer se este acordo não for aprovado”, confessou, advertindo para “mais divisão e mais incertezas, com todos os riscos que tal acarretaria”.

May invocou ainda o "interesse nacional" e o desejo de "unir novamente como país, independentemente da maneira como votámos" no referendo de 2016. A votação no parlamento britânico será realizada a 11 de dezembro, depois de um total de cinco dias de debate.

O líder trabalhista Jeremy Corbyn voltou a frisar que está contra o documento e qualificou como um "ato de automutilação nacional" a insistência de May em defender um acordo que provavelmente será rejeitado.

Corbyn reforçou a necessidade de uma alternativa ao acordo atual para que possa haver maioria parlamentar, defendendo a criação de um documento que tenha por base “uma união aduaneira abrangente, um forte acordo com o mercado único que proteja os direitos dos trabalhadores e a proteção ambiental”.

Para além do partido Trabalhista, também os partidos Liberal Democrata e o Nacionalista Escocês manifestaram a intenção de chumbar o acordo, assim como dezenas de deputados do Partido Conservador de May e do Partido Democrata Unionista, que até agora tem sido aliado do Governo.

Apesar das divergências em relação ao acordo, o porta-voz da primeira-ministra afirmou esta segunda-feira que May está confiante em relação à aprovação do mesmo no parlamento, acrescentando que o Governo está focado em conseguir esta vitória à primeira tentativa.
Política de imigração
Ainda na Câmara dos Comuns, Theresa May foi confrontada pelo Partido Nacionalista Escocês sobre a futura política de imigração. Na passada semana, a primeira-ministra declarou que, após o Brexit, os cidadãos da União Europeia não vão poder “passar à frente” dos restantes aquando da entrada no Reino Unido, ao contrário do que atualmente acontece, de acordo com May.

“Não devia ter utilizado essa linguagem no meu discurso”, confessou a líder conservadora, alegando que tentava apenas constatar um ponto simples.

“Em vez de um sistema baseado no lugar de onde uma pessoa vem, teremos um sistema construído em torno dos talentos que essa pessoa tem para oferecer”, declarou May durante o discurso da semana passada.

“Não vai continuar a acontecer que os cidadãos da União Europeia, independentemente do que têm para oferecer, possam passar à frente de engenheiros de Sydney ou de técnicos de informárica de Delhi”, acrescentou na altura.
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