Numa nova ronda de votos indicativos, os deputados britânicos rejeitaram esta segunda-feira quatro emendas que pretendiam orientar o rumo do Reino Unido no processo de saída da União Europeia. A votação decorreu no mesmo em que dia em que deputados conservadores escreveram uma carta a Theresa May a exigir que o Reino Unido saia a 12 de abril da União Europeia, com ou sem acordo.
Uma das quatro moções votadas foi a da “União Aduaneira”, com 276 votos contra e 273 a favor. Esta “Emenda C”, da autoria do conservador Ken Clarke, pretendia que qualquer acordo para o Brexit incluísse o compromisso de negociar uma união aduaneira “permanente” com a União Europeia.
Os trabalhistas foram os que mais apoiaram uma união aduaneira, com 230 deputados a votar favoravelmente. Já os votos contra foram, na maioria, dos conservadores, com 236 a opor-se à medida.
Durante a última votação de emendas na Câmara dos Comuns, a 27 de março, esta mesma moção tinha já sido derrotada por uma margem mínima, com 271 votos contra e 265 a favor.
Outra moção hoje votada foi a do “Mercado Comum 2.0”, com 282 votos contra e 261 a favor. Também da autoria de deputados conservadores, esta moção propunha que o Reino Unido se tornasse membro da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês) e do Espaço Económico Europeu (EEE).
A "Moção D" permitiria, assim, a participação continuada no mercado único. De acordo com esta moção, um “acordo alfandegário abrangente” com a União Europeia após o Brexit deveria permanecer até que um novo acordo permitisse a livre circulação de bens na fronteira com a Irlanda. A 27 de março, esta emenda também tinha sido rejeitada com 283 votos contra e 189 a favor.
Já a “Moção E”, acerca de uma “Votação Pública de Confirmação”, foi sugerida por trabalhistas e rejeitada com 292 votos contra e 280 a favor. A moção sugeria que, antes de um futuro acordo para o Brexit ser ratificado, fosse realizado um referendo para confirmar a vontade pública.
Na última votação na Câmara dos Comuns, esta emenda foi a que obteve um maior número de votos favoráveis (268) por parte dos deputados mas, ainda assim, foi chumbada com 295 votos contra.
Por último, a “Moção G” sobre “Supremacia Parlamentar” foi também chumbada com 292 votos contra e 191 a favor. Sugerida por uma deputada do Partido Nacional Escocês, Joanna Cherry, e por deputados de outros partidos, esta moção pretendia uma extensão do processo do Brexit.
Caso esta opção não fosse possível, a moção sugeria que o Parlamento britânico fosse forçado a optar entre uma saída sem acordo ou a revogação do Artigo 50. Esta proposta também já tinha sido chumbada na Câmara dos Comuns na semana passada, com 293 votos contra e 184 a favor.
Esta segunda-feira, quando as moções estavam ainda a ser debatidas, o deputado britânico Nigel Farage, um dos principais rostos da campanha para o Brexit, declarou na rede social Twitter que as quatro propostas eram a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia e que permitiam “a continuação de um livre comércio descontrolado”.
The 4 motions Bercow has just selected for votes tonight are all Remain and all continue uncontrolled free movement.
— Nigel Farage (@Nigel_Farage) 1 de abril de 2019