O relatório da polícia federal brasileira revela esta terça-feira que o ex-presidente Jair Bolsonaro “participou ativamente” num plano de golpe de Estado que visava impedir o regresso de Lula da Silva ao poder após as eleições de 2022.
De acordo com a polícia brasileira, o antigo chefe de Estado que ocupou o cargo entre 2019 e 2022 também tinha “pleno conhecimento” de um alegado plano para assassinar o sucessor, segundo o relatório de mais de 800 páginas entretanto entregue ao Ministério Público.
Cabe agora ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidir quanto à instauração de um processo. O Ministério Público dispõe de um prazo de 15 dias para apresentar a queixa, mas este prazo pode ser prorrogado caso queira solicitar mais informações.
Para além do ex-presidente brasileiro, mais 36 pessoas são acusadas de terem conspirado para impedir a possa do presidente Lula da Silva, que venceu as eleições presidenciais de 30 de outubro de 2022.
As 37 pessoas foram acusadas pela Polícia Federal na semana passada pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, com penas que variam individualmente entre os três e os 12 anos de prisão.
Além de Bolsonaro, foram indiciados pelos três crimes o general da reserva do Exército Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do Governo, o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) e o presidente do partido de Bolsonaro, Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto.
Após as eleições de 2022, houve vários bloqueios de estada por parte de camionistas e também acampamentos de bolsonaristas junto a quartéis que apelavam a uma intervenção militar. Entre os vários tumultos houve mesmo uma tentativa de atentado à bomba perto do aeroporto de Brasília.
A polícia federal suspeita que havia um plano elaborado para a intervenção da justiça eleitoral, a anulação de eleições e instalação de um "comité militar" que manteria Bolsonaro no poder.
Para além disso, está ainda em investigação um possível plano para assassinar Lula da Silva, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o juiz Alexandre de Moraes.
A 8 de janeiro de 2023, uma semana após a tomada de posse, o novo Presidente brasileiro, Lula da Silva, visitou a cidade de Araraquara, no estado de São Paulo, que tinha sido atingida por chuvas severas. Nese dia, um grupo de radicais, apoiantes de Jair Bolsonaro, influenciados por meses de desinformação sobre urnas eletrónicas e medo do comunismo, invadiram e atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
O ataque em Brasília foi semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos dois anos antes, a 6 de janeiro de 2021, um ataque levado a cabo por apoiantes do então ex-presidente, Donald Trump, antes da tomada de posse de Joe Biden.