Brasil rejeita críticas dos EUA e defende relações com Rússia

por Lusa
Sergei Lavrov e Mauro Vieira estiveram juntos em Brasília Andre Borges-Epa

O ministro das Relações Exteriores do Brasil defendeu as relações do país com Moscovo, rejeitando as críticas norte-americanas de que Brasília está a fazer "eco da propaganda russa" sobre o conflito na Ucrânia.

"Não sei como ou por que ele (porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA) chegou a essa conclusão. Mas não concordo de forma alguma", disse Mauro Vieira aos jornalistas, em Brasília, onde o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se encontrou com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

Os Estados Unidos afirmaram na segunda-feira que o Brasil está a repetir a propaganda russa e chinesa "sem ter em conta os factos", depois de o presidente brasileiro ter acusado Washington e a União Europeia (UE) de prolongar o conflito na Ucrânia e horas depois de Vieira ter afirmado ser contra as sanções impostas à Rússia, durante uma conferência de imprensa em Brasília ao lado do homólogo, Sergei Lavrov.

No sábado, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os Estados Unidos devem parar de "encorajar a guerra" na Ucrânia e a UE deve "começar a falar de paz".

Desta forma, a comunidade internacional "poderá convencer" o presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que "a paz é do interesse de todo o mundo", acrescentou.

"É necessária paciência" para falar com Putin e Zelensky, disse. "Mas, acima de tudo, temos de convencer os países que fornecem armas, que encorajam a guerra, a parar", indicou.

Lula da Silva falava na conclusão de uma visita aos Emirados Árabes Unidos, depois de ter estado na China.

O chefe de Estado português reagiu, na segunda-feira, à polémica, lembrando posições do Brasil na ONU sobre a guerra na Ucrânia até fevereiro, já com Lula na presidência, "ao lado de Portugal, da UE, dos EUA, da NATO, contra a Federação Russa".

Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de entrega do Prémio Pessoa, na Culturgest, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa questionou se o Brasil mudou de posição, frisando que Portugal não mudou, mas desdramatizou desde já as divergências em matéria de política externa.

 

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