Brasil. País não pode ir a votos com ódio e intolerância adverte presidente do Senado
O presidente do Senado do Brasil afirmou hoje, na sessão solene comemorativa dos 200 anos da independência, que o país não pode ir a votos com ódio e "intolerância" perante "quem é diferente".
A menos de um mês de o país ir a votos, numas eleições presidenciais altamente polarizadas entre o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e o ex-chefe de Estado Lula da Silva, Rodrigo Pacheco afirmou que o "amplo direito de voto" é a mais importante arma da democracia.
"Não pode ser desrespeito, no meio de discurso de odeio, com intolerância em face de quem é diferente", declarou o presidente do Senado do Brasil, na mesa do congresso na qual estavam presentes, entre outros, os chefes de Estado de Portugal, Guiné-Bissau e Cabo Verde, o presidente do Supremo Tribunal Federal e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Também o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, destacou a "chance de os cidadãos brasileiros fortalecerem a democracia e este parlamento" e "acolher a diferença" nas eleições de 02 de outubro.
Minutos após a cantora brasileira Fafá de Belém cantar os hinos do Brasil e o de Portugal, à capela, Rodrigo Pacheco apelou à "união nacional" do país de forma a resolver os problemas económicos e sociais do Brasil.
"Existem princípios republicanos e democráticos dos quais não nos podemos afastar", declarou.
Pacheco recordou depois os laços fraternos com Portugal na sequência "da rutura com a antiga metrópole", protagonizada por D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, que, em 07 de setembro de 1822, proclamou a independência do país que é hoje o gigante da América do Sul, nas margens do Rio Ipiranga.
Na sessão solene comemorativa dos 200 anos da independência, o presidente do Senado brasileiro frisou que "de uma história de dominação e dependência" existe agora "igualdade, respeito e identidade própria".
A presença hoje do Presidente português e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, "confirma a natureza igualitária, republicana e fraterna do Brasil com a sua pátria mãe".
Para além dos chefes de Estado de Portugal, Cabo Verde e Guiné Bissau, marcaram também presença na sessão solene comemorativa dos 200 anos da independência no Congresso em Brasília, os ex-presidentes do Brasil José Sarney e Michel Temer, o procurador-geral da República do Brasil, Augusto Aras, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, o presidente da câmara municipal de Coimbra, José Manuel Silva, representantes diplomáticos de países da CPLP e dezenas de representações estrangeiras no Brasil.
O Presidente brasileiro cancelou a sua presença na sessão solene do Congresso brasileiro para celebrar os 200 anos da independência do Brasil a pouco menos de 20 minutos de a cerimónia oficial começar, sem apresentar justificação.
Este cancelamento surge um dia depois de o Presidente brasileiro ter participado em Brasília e no Rio de Janeiro nas maiores cerimónias, desfiles e manifestações do bicentenário da independência, que foram acusadas de se terem transformado num comício político de Jair Bolsonaro, a menos de um mês das eleições presidenciais, e que foram alvo de várias críticas por grande parte dos quadrantes políticos.