Brasil leiloa reservas que podem elevá-lo a quinto maior produtor de petróleo bruto
O Brasil leiloará na próxima semana os direitos de exploração de reservas petrolíferas com cerca de 12.000 milhões de barris de petróleo bruto e cuja extração poderá convertê-lo no quinto maior produtor mundial do setor.
Os números foram divulgados na quinta-feira à imprensa pelo ministro de Minas e Energia brasileiro, Bento Albuquerque.
"Este leilão aumentará as nossas reservas de petróleo em cerca de 12%, o que não é pouco para um país que já é o sétimo maior produtor de crude do mundo e que nos permitirá entrar entre os cinco maiores produtores mundiais em 2030", afirmou o governante.
Segundo Albuquerque, a estimativa de 12 mil milhões de barris de petróleo contidos nos campos de Sépia e Atapú equivalem às atuais reservas comprovadas do Brasil (12.714 milhões de barris) e a um oitavo das prováveis reservas do país (100 mil milhões de barris).
No leilão, serão oferecidos direitos de exploração dos volumes excedentes que a estatal brasileira Petrobras descobriu em Sépia e Atapú, duas áreas da bacia marítima de Santos com hidrocarbonetos comprovados no pré-sal, o horizonte com reservas gigantescas que o Brasil detém em águas muito profundas do oceano Atlântico, abaixo de uma camada de sal de dois quilómetros de espessura.
O contrato pelo qual a Petrobras conquistou os direitos de exploração das duas áreas prevê que a estatal a ceda a outras empresas, embora possa permanecer como operadora com uma participação de 30%, o que excede os cinco mil milhões de barris.
Os enormes excedentes atraíram o interesse de gigantes como Shell, Chevron, Total, ExxonMovil, e até mesmo da colombiana Ecopetrol, que estão inscritas para disputar a chamada Segunda Rodada de Licitações dos Volumes Excedentes da Cessão Onerosa.
As duas reservas foram oferecidas num primeiro leilão em novembro de 2019, mas nenhuma empresa se interessou, obrigando o governo a modificar as regras de licitação para aumentar a atratividade dos ativos.
O governante acrescentou que o executivo também reduziu o valor que os vencedores terão de pagar pelas licenças, assim como os volumes de petróleo que terão de entregar ao Estado, com o qual irão assinar um acordo de associação.
Pelas novas regras, o vencedor do leilão pelos direitos de exploração dos volumes excedentes de Sépia terá que pagar 7,13 mil milhões de reais (1,13 mil milhões de euros) pela licença e entregar ao Estado pelo menos 15,02% da sua produção.
A empresa que conquistar os direitos do Atapú terá que pagar quatro mil milhões de reais (640 milhões de euros) pela licença e entregar ao Estado cerca de 5,89% da sua produção.
Ou seja, o preço das licenças foi reduzido em cerca de 70% face ao leilão de 2019 e a participação do Estado na produção em quase um terço.
Segundo o ministro, as novas regras foram definidas depois de conversas com vários interessados e, por fim, 11 empresas inscreveram-se no leilão, embora uma tenha anunciado a sua desistência esta semana.
"Essas dez empresas com certeza vão garantir uma boa competição no leilão de 17 de dezembro e serão adjudicadas as duas áreas oferecidas", concluiu.