Bombardeamentos russos e sírios contra rebeldes fazem dezenas de mortos no norte da Síria

por Joana Raposo Santos - RTP
Segundo os Capacetes Brancos, o número total de mortos em ataques sírios e russos desde 27 de novembro subiu para 56. Mahmoud Hassano - Reuters

Pelo menos 25 pessoas, entre as quais dez crianças, morreram no norte da Síria em ataques aéreos levados a cabo pelo Governo sírio e pela Rússia, informou esta segunda-feira o serviço de resgate da oposição síria, conhecido como Capacetes Brancos.

Os caças russos e sírios atingiram a cidade de Idlib, controlada pelos rebeldes, e outras zonas nas proximidades, segundo fontes militares. O ataque aconteceu depois de o presidente Bashar al-Assad ter prometido esmagar os insurgentes que tinham invadido a cidade de Alepo.

Segundo os habitantes, um dos ataques atingiu uma área residencial no centro de Idlib, a maior cidade de um enclave rebelde perto da fronteira turca, onde cerca de quatro milhões de pessoas vivem em tendas e habitações improvisadas.

O exército do país disse ter recapturado várias cidades que os rebeldes invadiram nos últimos dias.

Segundo os Capacetes Brancos, o número total de mortos em ataques sírios e russos desde 27 de novembro subiu para 56, incluindo 20 crianças. O exército sírio e a Rússia, sua aliada, têm como alvo os esconderijos de grupos rebeldes e já negaram atacar civis. O objetivo dos ataques foi atingir os grupos armados apoiados pela Turquia, assim como o Hayat Tahrir al-Sham, grupo designado como terrorista pelos EUA, Rússia, Turquia e outros países.

Em declaração conjunta, os Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido apelaram "à contenção de todas as partes e à proteção dos civis e das infraestruturas, para evitar novas retiradas de pessoas e perturbações no acesso humanitário".

Uma coligação de insurrectos, liderada pela aliança islamita Organização de Libertação do Levante - que se separou em 2016 do ramo sírio da Al-Qaeda - juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, lançou uma ofensiva contra o Governo sírio na quarta-feira e assumiu o controlo total da província de Idlib, no noroeste do país, de grande parte da cidade de Alepo e de partes do norte de Hama, no centro da Síria.

Este foi considerado o mais ousado ataque rebelde em vários anos desta guerra civil. As linhas da frente estavam praticamente congeladas desde 2020. Os desenvolvimentos levaram o presidente sírio a declarar que "os terroristas só conhecem a linguagem da força e é com essa linguagem que os vamos esmagar".

O exército sírio é apoiado por aviões russos e efetuou dezenas de bombardeamentos contra posições rebeldes.
China apoia esforços da Síria
A China assegurou esta segunda-feira que "apoia os esforços da Síria para manter a sua segurança nacional e estabilidade", após a ofensiva lançada por grupos insurrectos que ocuparam grande parte da cidade de Alepo.

O porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que Pequim está "profundamente preocupada com a situação no noroeste da Síria".

Lin afirmou que a China, "como país amigo da Síria", está "disposta a fazer esforços positivos para evitar uma maior deterioração da situação" no país árabe.

O líder sírio visitou a China no ano passado, onde se encontrou com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e anunciou o estabelecimento de uma "parceria estratégica" entre Damasco e Pequim.

c/ agências
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