"Bomba suja"? Kiev nega acusações russas de ataque iminente

por RTP
Reuters

No domingo, o ministro russo da Defesa expressou a sua preocupação com a possibilidade de a Ucrânia estar a preparar-se para usar uma "bomba suja" em território ucraniano para responsabilizar a Rússia pelo alegado ataque. O presidente ucraniano negou qualquer ataque iminente, considerando as acusações "absurdas". E numa comunicação conjunta, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido juntaram-se a Kiev para recusar a preparação de qualquer tipo de ataque.

"Se a Rússia telefona [aos responsáveis ocidentais] e diz que a Ucrânia está alegadamente a preparar algo, isso significa uma coisa: a Rússia já preparou isso tudo", afirmou Volodymir Zelensky num discurso em vídeo enviado à comunicação social, referindo-se aos telefonemas feitos pelo ministro da Defesa russo aos seus homólogos francês, britânico, turco e norte-americano, alertando de que a Ucrânia estaria a preparar "uma provocação" com uma "bomba suja", contendo elementos radioativos, que faria explodir no seu próprio território para depois culpar Moscovo

"Creio que agora o mundo deve reagir da forma mais dura possível".

Segundo o presidente ucraniano, se a Rússia tivesse preparado "mais uma escalada de tensão, deve ver agora, de forma preventiva e antes de qualquer das suas novas 'sujidades', que o mundo não vai aceitar" os argumentos.

Zelensky considerou ainda que a ameaça russa de utilizar armas nucleares contra o país "é um motivo não só para sanções como para um apoio ainda maior à Ucrânia".

"Ainda mais, contra o nosso país, que renunciou ao seu arsenal nuclear", acrescentou.



Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, negou as acusações do homólogo russo, Sergei Shoigu, classificando-as como “absurdas” e “perigosas”.

"Em primeiro lugar, a Ucrânia é um membro comprometido do TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares): não temos nenhuma 'bomba suja', nem planeamos adquirir nenhuma. Em segundo lugar, os russos acusam frequentemente os outros do que eles próprios planeiam".

O chefe da diplomacia ucraniana reforçou ainda a ideia de que "os russos, muitas vezes, acusam os outros daquilo que eles mesmos estão a preparar".


Ocidente nega "bomba suja" da Ucrânia

A acusação russa aumentou a tensão e o Ocidente juntou-se à Ucrânia para negar as acusações de que estaria a ser preparada uma "bomba suja" com os aliados. Num comunicado conjunto, os EUA, a França e o Reino Unido "deixaram claro que todos" rejeitam "as alegações falsas" da Rússia.

"O mundo entenderia qualquer tentativa de usar essa alegação como pretexto para uma escalada. Rejeitamos ainda qualquer pretexto para uma escalada por parte da Rússia".

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países signatários deste documento reiteraram ainda o "firme apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia diante da agressão contínua da Rússia".

"Continuamos comprometidos em continuar a apoiar os esforços da Ucrânia para defender o seu território pelo tempo que for necessário".

Horas antes, a Casa Branca já tinha reagido às acusações, afirmando a que tais afirmações são "claramente falsas".

Os Estados Unidos rejeitam "as acusações claramente falsas do ministro [da Defesa russo, Serguei] Shoigu, segundo quem a Ucrânia se prepara para utilizar uma 'bomba suja' no seu próprio território", afirmou Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, num comunicado.

"O mundo não será enganado em caso de tentativa de utilizar tal acusação como pretexto para uma escalada" no conflito, advertiu.

Segundo um comunicado divulgado pelo Kremlin, Serguei Shoigu falou no domingo, por telefone, com os seus homólogos francês e turco, Sébastien Lecornu e Hulusi Akar, respetivamente.

"A situação na Ucrânia, que tem uma tendência constante para uma escalada ainda mais descontrolada, foi discutida
", lê-se.

Segundo a agência espanhola Efe, o ministro da Defesa russo transmitiu a ambos os ministros "a sua preocupação com possíveis provocações por parte da Ucrânia com o uso de uma 'bomba suja'", referindo-se a engenhos explosivos capazes de dispersar elementos radioativos.


PUB