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Bolsonaro sai do PSL e anuncia criação de partido Aliança pelo Brasil

por RTP
Adriano Machado - Reuters

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou na terça-feira a sua saída do Partido Social Liberal (PSL), formação política pela qual concorreu às presidenciais de 2018, e a criação do partido Aliança pelo Brasil.

A saída de Bolsonaro é resultado de uma crise interna do PSL, que se arrasta desde o mês passado, ocasião em que o chefe de Estado se desentendeu com o presidente do partido, Luciano Bivar.

A polémica começou quando, no início de outubro, Bolsonaro orientou um seu apoiante a "esquecer" o Partido Social Liberal, acrescentando que Luciano Bivar estava "queimado".

"Hoje anunciei a minha saída do PSL e início da criação de um novo partido: Aliança pelo Brasil. Agradeço a todos que colaboraram comigo no PSL e que foram parceiros nas eleições de 2018", escreveu o chefe de Estado na rede social Facebook, horas depois de se ter reunido, em Brasília, com deputados filiados ao PSL.
As declarações de Bolsonaro levaram o presidente do partido a declarar publicamente que o atual chefe de Estado do Brasil "já está afastado" e "esquecido" da formação política.

O PSL enfrenta ainda problemas na justiça desde o início do ano, sendo alvo de investigações sobre alegadas candidaturas fantasma de mulheres e de desvio de dinheiro dessas campanhas eleitorais para outras finalidades.

No Brasil, o financiamento eleitoral é suportado maioritariamente com dinheiro público
e a lei estabelece que todos os partidos devem utilizar 30% das verbas para a promoção de candidaturas de mulheres.

"Após cerca de oito meses de investigação, o Ministério Público Eleitoral acusou (...) 11 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de recursos por meio de ‘candidaturas fantasma’ nas últimas eleições", segundo declarou o procurador de Justiça Eleitoral Fernando Abreu, em outubro.

Todos os acusados estão ligados ao PSL, entre eles o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Segundo a imprensa local, também a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.

O chefe de Estado brasileiro chegou a propor uma auditoria às contas do PSL para verificar uma eventual existência de irregulares, ameaçando deixar o partido, situação que se concretizou na terça-feira.

O PSL era uma formação política de baixa representatividade no parlamento do país, com apenas um deputado, até às eleições de 2018, quando se tornou no segundo maior partido da câmara baixa, elegendo 53 dos 513 deputados desta casa parlamentar.Ao longo da carreira política de Bolsonaro, que conta com mais de três décadas, o atual chefe de Estado conta um historial de troca de partidos.

Segundo o portal de notícias G1, o PSL foi a oitava formação política em que Bolsonaro se fixou, contando com passagens pelo Partido da Democracia Cristã, Partido Progressista Reformador, Partido Progressista Brasileiro, Partido Trabalhista Brasileiro, Partido da Frente Liberal, Partido Progressista e Partido Social Cristão.

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, e também eleito em 2018 pelo PSL, usou a rede social Twitter para defender o novo partido Aliança pelo Brasil.

"Na Aliança pelo Brasil teremos solidez nos nossos princípios conservadores, atuando em defesa dos valores familiares e cristãos, sem amarras da velha política. (...) Este é um momento histórico, onde a maioria silenciosa finalmente terá voz. O grito solitário de Jair Bolsonaro, que tantas vezes ecoou pelo Brasil, agora torna-se um movimento consolidado (...), unindo milhões de brasileiros pelo bem do nosso país", escreveu o deputado.

De acordo com a imprensa brasileira, os advogados de Bolsonaro estimam que conseguirão entregar, até março do próximo ano, as cerca de 500 mil assinaturas exigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral para a criação do partido.

A ideia é viabilizar o Aliança pelo Brasil a tempo de lançar candidatos às eleições municipais de 2020, o que exige aprovação do tribunal eleitoral até abril.

c/ Lusa

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