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Bispos mexicanos rejeitam militarização na fronteira com EUA e pedem cooperação

por Lusa

Cidade do México, 08 abr (Lusa) -- A Conferência Episcopal Mexicana rejeitou hoje o envio da Guarda Nacional dos Estados Unidos da América (EUA) para a fronteira entre os dois países e pediu que esta zona se converta num exemplo de "ligação e corresponsabilidade".

"O único futuro possível para a nossa região é o futuro construído com pontes de confiança e desenvolvimento partilhado e não com muros de indignação e de violência", afirma o organismo numa carta intitulada "Pela dignidade dos migrantes" e assinado pelos bispos da fronteira norte do México e do Conselho da Presidência da Conferência Episcopal.

Na quinta-feira, Donald Trump disse que estima enviar entre 2.000 a 4.000 militares para a fronteira com o México, dias depois de ter ordenado o "envio imediato" da Guarda Nacional norte-americana para a zona.

Um dia antes, o Presidente norte-americano afirmou que "a anarquia" na fronteira é "incompatível com a segurança e a soberania do povo americano" e que a sua administração "não tem outra escolha a não ser agir".

De acordo com ordem presidencial, o secretário da Defesa e o Departamento de Segurança devem trabalhar juntos na proteção da fronteira, de forma a "impedir o fluxo de drogas e pessoas".

Na resposta a Donald Trump, o chefe de Estado do México, Enrique Peña Nieto, publicou uma mensagem nas redes sociais pedindo ao Presidente dos EUA para não descarregar no México a sua frustração nos assuntos de política interna, instando-o a trabalhar nas relações bilaterais através de respeito mútuo.

Na carta dos bispos mexicanos, que tem como destinatários aqueles chefes de Estado e todos os cidadãos dos dois países, lê-se que a fronteira "não é uma zona de guerra".

"Pela dignidade dos migrantes e pela dignidade de todos os cidadãos dos nossos países, propomos gastar as nossas energias na criação de outras soluções" que incluam "fraternidade e enriquecimento mútuo", refere o documento, citado pela agência Efe.

Reconhecendo que os sucessivos governos mexicanos tiveram uma "grande responsabilidade por não terem criado oportunidades suficientes para o desenvolvimento da população", os prelados consideram, no entanto, que esta situação "não pode ser justificação para promover o antagonismo entre povos que estão chamados a ser amigos e irmãos".

"Construir barreiras que nos dividam ou implementar ações que nos violentem" vão contra a dignidade humana, acrescentam, para destacar que os migrantes "não são criminosos, mas seres humanos vulneráveis que têm direito ao desenvolvimento pessoal e social".

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