Os bispos católicos europeus estão a marcar os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz denunciando o anti-semitismo e a "manipulação" da verdade para obter fins políticos.
O texto, assinada pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa e pela Comissão de Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), foi conhecido este sábado, contendo também uma versão em hebraico, e surge dois dias antes do aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, em 27 de janeiro de 1945, por parte do exército soviético.
"Neste aniversário, apelamos ao mundo moderno pela reconciliação e paz, pelo respeito do direito de cada nação a existir e pela liberdade e independência para manter a sua própria cultura", de acordo com a declaração citada pela AP.
Os bispos descrevem o poder de Auschwitz como um símbolo do terror nazi alemão, assinalando que os últimos três papas, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, visitaram o local do antigo campo de concentração, hoje situado na Polónia.
A declaração assinala ainda que "outro totalitarismo, nomeadamente o comunismo, atuou de forma similar, alcançando também milhões de mortes"
"Aqui, os nazis tomaram o poder para decidir quem é humano e quem não é. Aqui, a eutanásia encontrou-se com o eugenismo. Auschwitz-Birkenau é um resultado de um sistema baseado na ideologia do nacional-socialismo [nazismo], que significou atropelar a dignidade do ser humano, feito à imagem de deus", disseram os bispos.
O apelo surge no contexto do crescimento de negação do Holocausto e de outras formas de reescrita da História, num período de nacionalismo crescente, em que até alguns governos tentam substituir investigação histórica credível pela mitificação do comportamento das suas nações durante a guerra, escreve a agência AP.
Os bispos não destacaram nenhum caso específico de manipulação histórica, mas apelaram a orações e ao acender de velas "pelas pessoas assassinadas em campos de morte, de todas as nacionalidades e religiões".