Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

Biden garante apoio "inabalável" a Israel perante receio de ataque iraniano

por Cristina Sambado - RTP
Tom Brenner - Reuters

O presidente norte-americano prometeu um apoio "inabalável" a Israel perante os receios de que Teerão possa lançar represálias após o ataque ao consulado iraniano na Síria, a 1 de abril, que matou sete militares da Guarda Revolucionária.

O Irão "ameaça lançar um grande ataque contra Israel", afirmou o presidente dos EUA numa conferência de imprensa conjunta na Casa Branca com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida.
As autoridades norte-americanas têm tentado enviar uma mensagem aos iranianos de que, apesar das diferenças de opinião entre Biden e Netanyahu, qualquer ataque a Israel será objeto de uma resposta agressiva por parte dos EUA.
"Como disse ao primeiro-ministro (Benjamin) Netanyahu, o nosso compromisso com a segurança de Israel face a estas ameaças do Irão e dos seus aliados é inabalável", afirmou Biden.

"Repito: inabalável. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para proteger a segurança de Israel", continuou, instando o Hamas, aliado de Teerão, a "avançar" com a oferta de tréguas em Gaza.

As declarações do presidente norte-americano surgiram pouco depois anúncio da morte dos filhos de Ismail Haniyeh, mas sobretudo depois de o líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, ter afirmado, na quarta-feira, que Israel seria "castigado" por um ataque ao consulado iraniano em Damasco, a 1 de abril.

"Quando atacaram a zona do nosso consulado, foi como se tivessem atacado o nosso território", afirmou o ayatollah Ali Khamenei num discurso transmitido pela televisão. "O regime maléfico deve ser punido e será punido".

Teerão já tinha prometido retaliar este ataque, que veio agravar ainda mais as tensões regionais, tendo como pano de fundo a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento palestiniano Hamas, apoiado pelo Irão.O ataque destruiu o consulado iraniano em Damasco e matou 16 pessoas, incluindo sete membros dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica.

Israel não confirmou que esteve na origem do ataque ao consulado iraniano na Síria, mas o Pentágono afirmou que sim.


O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão informou que os ministros dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Catar e do Iraque falaram ao telefone com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano e discutiram as tensões regionais.
“Bola está do lado do Hamas”
O presidente dos Estados Unidos afirmou ainda na conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, em Washington que espera avanços do grupo palestiniano Hamas em relação à proposta que lhe foi apresentada sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação de reféns exigida por Israel.

A bola está do lado do Hamas, eles devem avançar com a proposta que lhes foi feita”, afirmou Biden.

Na mesma ocasião, o líder da Casa Branca sustentou que Israel não estava a permitir a entrada de ajuda suficiente na Faixa de Gaza, onde a guerra entre as forças de Telavive e o Hamas já dura há mais de seis meses, mergulhando o território numa grave crise humanitária.

No encontro, Biden e Kishida falaram sobre a segurança de Israel, mas também sobre a guerra na Faixa de Gaza, onde ambos apoiam a proposta de uma trégua que aliviaria a crise humanitária e a libertação dos reféns em posse do Hamas.

Além disso, Joe Biden referiu-se mais uma vez à possibilidade de Washington poder mudar a sua posição em relação ao conflito, como advertiu a Netanyahu se Israel continuasse com a sua estratégia atual.

“Veremos o que [Netanyahu] fará em termos de cumprir os compromissos que assumiu comigo”, mencionou.
Crescente frustração com Netanyahu
As declarações de Biden surgem um dia depois, de numa entrevista gravada há uma semana, ter apelado a um cessar-fogo em Gaza e ter dito que discordava da estratégia de guerra de Netanyahu.

"Penso que o que ele está a fazer é um erro. Não concordo com a sua abordagem".

A entrevista surgiu quase uma semana depois de um tenso telefonema entre Biden e Netanyahu, na sequência do assassinato, por Israel, de sete trabalhadores humanitários em Gaza.Biden tem vindo a intensificar a sua retórica sobre a conduta de Israel na guerra de quase seis meses, desencadeada pelo ataque do Hamas a 7 de outubro, e expressou a sua crescente frustração com Netanyahu.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, mais de 33 mil pessoas - na sua maioria mulheres e crianças - foram mortas na incursão israelita.

O conflito foi desencadeado pelo Hamas, que matou mais de 1.200 pessoas em Israel e fez 253 reféns no seu ataque de outubro.

c/ Reuters e AFP
Tópicos
PUB