Biden anuncia encerramento temporário da fronteira com o México em momentos de maior fluxo migratório

por Joana Raposo Santos - RTP
Biden disse acreditar que as novas restrições à imigração vão proteger a fronteira. Foto: Leah Millis - Reuters

Joe Biden anunciou esta terça-feira a intenção de fechar temporariamente a fronteira dos Estados Unidos com o México sempre que se registar um aumento das chegadas de imigrantes ilegais. A decisão está a ser vista por analistas políticos como uma tentativa de conquistar parte do eleitorado para afastar Donald Trump da Casa Branca. As eleições norte-americanas realizam-se a 5 de novembro.

Segundo o decreto que será assinado por Joe Biden, o novo mecanismo será ativado apenas quando o número diário de detenções na fronteira for, em média, superior a 2.500 ao longo de uma semana, sendo suspenso quando esse número baixar para menos de 1.500 por dia.

O documento deverá também facilitar as deportações para o México. Haverá, no entanto, exceções para menores não acompanhados, pessoas que enfrentem ameaças graves de saúde ou de segurança e vítimas de tráfico.

Em conferência de imprensa esta terça-feira, Biden disse acreditar que as novas restrições à imigração vão proteger a fronteira e garantiu que irá continuar a "trabalhar de perto" com o México, incluindo com a nova presidente, Claudia Sheinbaum.Estas medidas "respeitam o Direito Internacional" e "vão ajudar-nos a recuperar o controlo das nossas fronteiras e a restabelecer a ordem no processo de asilo", acrescentou o líder dos EUA.

"Nunca vou separar crianças das suas famílias na fronteira", assegurou ainda o presidente norte-americano. "Nas próximas semanas falarei acerca de como podemos tornar o sistema de imigração mais justo".

Horas antes, o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, declarou que "para Joe Biden, a segurança das famílias americanas deve estar sempre em primeiro lugar”.

“Por isso, hoje o presidente anuncia novas medidas históricas para impedir que os migrantes que atravessam ilegalmente a nossa fronteira a sul recebam asilo nos Estados Unidos", anunciou.
Campanha de Trump fala em "tentativa desesperada"
A equipa de campanha de Donald Trump já reagiu ao anúncio da Casa Branca, considerando a medida uma "tentativa desesperada" de apelar aos eleitores mais conservadores. "Joe Biden está apenas a fingir que vai proteger a fronteira porque está a afundar-se nas sondagens", referiu.

Os membros da campanha do candidato republicano aproveitaram ainda para acusar novamente os imigrantes ilegais de serem responsáveis por uma onda de crimes nos Estados Unidos e para responsabilizar Biden pelo aumento do tráfico de menores, ao excluir crianças da nova política.

Esta terça-feira, a Casa Branca procurou contrariar as críticas de que o presidente Joe Biden está a copiar medidas de Donald Trump.

"Todas estas políticas contrastam fortemente com a forma como a Administração anterior lidou com a imigração", assegurou um funcionário ouvido pela agência Reuters. "Demonizaram os imigrantes, instituíram rusgas em massa, separaram famílias na fronteira e colocaram crianças em jaulas".

Nos 12 meses anteriores a outubro de 2023, as autoridades registaram um número recorde de 2,4 milhões de pessoas a tentarem passar a fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Em dezembro, cerca de 10.000 pessoas atravessavam ilegalmente a fronteira todos os dias, impulsionadas pela pobreza e pela violência na América Latina.
Autoridades pedem rapidez
As autoridades norte-americanas defendem que as novas restrições entrem em vigor com efeitos imediatos, alegando que o número de pessoas que atravessam a fronteira sem documentação já ultrapassou o limite que consideram aceitável.

"Esperamos que a medida entre em vigor imediatamente", assim que o decreto for assinado, afirmou um funcionário ouvido pela AFP.

Quando Joe Biden entrou em funções, em 2021, prometeu reverter algumas das mais rígidas políticas de imigração trazidas pelo seu antecessor, Donald Trump. No entanto, ao longo do mandato deparou-se com níveis recorde de passagens fronteiriças ilegais.

Agora, a ser adotada, esta nova política de imigração representa uma das mais restritivas alguma vez aplicadas por um presidente democrata e irá aproximar Biden das posições do republicano Trump. De acordo com as sondagens, o tema da imigração está a pesar fortemente nas intenções de voto dos eleitores.

c/ agências
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