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Biden alerta para "concentração de poder" num conjunto de oligarcas no adeus à Casa Branca

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mandel Ngan - Pool via REUTERS

O presidente cessante dos EUA, Joe Biden, fez na madrugada desta quinta-feira o seu discurso de despedida da Casa Branca. Biden alertou para a "concentração de poder num conjunto de oligarcas" e mostrou-se também preocupado com o "potencial aumento de um complexo industrial de tecnologia", afirmando que os norte-americanos estão "enterrados numa avalanche de desinformação" e que a "imprensa livre está a desmoronar-se".

Num discurso de menos de vinte minutos a partir da Sala Oval, Joe Biden despediu-se da Casa Branca e de uma carreira política de meio século numa altura em que faltam apenas quatro dias para a tomada de posse do presidente eleito Donald Trump.

Biden aproveitou o seu discurso para fazer um balanço do seu mandato e deixar alguns alertas para algumas coisas que lhe despertam preocupação. Uma delas é “a concentração de poder nas mãos de alguns oligarcas”, que, segundo Biden, tem “consequências muito perigosas se o abuso de poder não for verificado”.

“Estamos perante um grupo de oligarcas que podem ameaçar a nossa democracia”, alertou, sem menciona diretamente multimilionários da tecnologia como Elon Musk e Mark Zuckerberg.

O presidente norte-americano expressou também preocupação pela crescente desinformação e pelo “potencial aumento de um complexo industrial de tecnologia que pode criar muitos perigos”

“Os norte-americanos estão enterrados numa avalanche de má informação e desinformação, permitindo o abuso de poder”, disse Biden, considerando que “a imprensa livre está a desmoronar-se”.

“A verdade é sufocada por mentiras contadas por poder e lucro”, acrescentou, numa crítica ao fim da verificação de factos nas redes sociais da Meta (Facebook, Instagram, Threads e Whatsapp).

“Temos de manter estas plataformas sociais responsáveis para protegermos as nossas famílias, crianças e a nossa democracia do abuso de poder”, apelou.

Ainda no ramo da tecnologia, Biden alertou também para as “profundas possibilidades e riscos” da Inteligência Artificial (IA).

“Temos de assegurar que a IA é segura e de confiança”, apelou. "Na era da IA, é mais importante do que nunca que o povo governe. E como a terra da liberdade, a América — não a China — deve liderar o mundo no desenvolvimento da IA", acrescentou.

Joe Biden denunciou também “forças poderosas” que ameaçam o progresso na luta contra as alterações climáticas, “uma ameaça existencial que nunca foi tão precisa”, citando catástrofes naturais como os incêndios que atualmente assolam Los Angeles.
“Sinto-me muito orgulhoso”
Refletindo sobre o seu legado e as conquistas da sua administração, o presidente Joe Biden disse que espera que as mesmas perdurem pelos próximos anos.

“Vai demorar tempo para sentir o impacto de tudo o que fizemos nestes últimos quatro anos. Mas as sementes estão plantadas e elas vão florescer durante as próximas décadas”, disse o democrata.

O presidente cessante listou algumas das concretizações da sua Administração, nomeadamente a redução dos preços de medicamentos para idosos, a aprovação de leis de segurança de armas e a ajuda direcionada a veteranos.

“Criámos 17 milhões de novos empregos, mais do que qualquer outra administração num só mandato; há muito mais pessoas com acesso a cuidados de saúde; fortalecemos a NATO; a Ucrânia continua a estar livre e estamos à frente na concorrência com a China”, apontou.

“Sinto-me muito orgulhoso do que conseguimos fazer em conjunto pelo povo americano”, afirmou, desejando “o maior sucesso” à Administração de Trump e garantindo uma “uma transição de poder justa e tranquila”.


Biden terminou o seu discurso com uma nota otimista, afirmando que ainda acredita “na ideia” que os EUA defendem.

“A vocês, povo americano. Após 50 anos de serviço público, dou-vos a minha palavra. Ainda acredito na ideia que esta nação defende: uma nação onde a força das nossas instituições e o caráter do nosso povo importam e devem perdurar”, declarou.

“Agora é a vossa vez de ficarem de vigia”, concluiu.

Biden, de 82 anos, deixa a Casa Branca de forma diferente daquela que projetou, uma vez que tentou a reeleição, mas foi convencido pelo próprio partido a abandonar a corrida devido a preocupações em torno da sua idade e aptidão física e mental para mais quatro anos no cargo presidencial. Biden indicou, por isso, a sua vice-presidente, Kamala Harris, para o substituir na corrida à presidência quando faltavam quatro meses para as eleições.

Joe Biden entrega o testemunho a Donald Trump, que venceu as eleições presidenciais de novembro. O republicano toma posse a 20 de janeiro.

c/agências
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