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Benjamin Netanyahu antevê insucesso do pedido palestiniano

por RTP
Netanyahu tenta desvalorizar o eventual sucesso palestiniano dizendo que "a assembleia geral da ONU não tem a importância do Conselho de Segurança" Uriel Sinai, EPA

Depois da ameaça há três dias de rasgar todos os acordos com a Autoridade Palestiniana se o Presidente Mahmoud Abbas insitir em levar às Nações Unidas o pedido de adesão da Palestina, o primeiro-ministro israelita apontou hoje como mais do que provável que a iniciativa marcada para dia 23 esteja destinada ao insucesso. Benjamin Netanyahu fez esta declaração na última reunião com o Conselho de Ministros antes de partir para Nova Iorque, onde representará Israel.

"O Conselho de Segurança é como a administração da Organização das Nações Unidas e estou convencido de que, como resultado da ação Estados Unidos, em estreita colaboração com outros governos, a tentativa falhará", vaticinou Netanyahu, no que marca uma alteração da atitude do gabinete israelita, depois das ameaças e invetivas que partiram de Telavive no último mês. Netanyahu discutiu com os seus ministros a possibilidade de a liderança palestiniana recorrer à assembleia-geral das Nações Unidas para pedir um estatuto menor, já que o Conselho de Segurança deverá vetar qualquer pedido com a intervenção dos Estados Unidos

A nova estratégia israelita passa por menorizar qualquer vitória dos palestinianos em Nova Iorque: "A Assembleia é um parlamento da ONU e poderia passar qualquer decisão. Não tem a mesma importância do Conselho de Segurança".

Israel ameaça rasgar todos os acordos
O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, deverá oficializar a iniciativa perante o secretário-geral Ban Ki-moon durante a próxima semana, no dia 23, e garante ter contabilizados os votos favoráveis de 126 países. Telavive ameaça com o rasgar de todos os acordos para a região.

O iminente pedido dos palestinianos perante as Nações Unidas, em Nova Iorque, para o reconhecimento como Estado está a desesperar o gabinete israelita, que nesta altura apenas parece contar com o firme apoio do seu mais forte aliado, os Estados Unidos.

O vice-ministro israelita dos Negócios Estrangeiros ameaçava em declarações na rádio pública que a iniciativa seria um golpe fatal para os acordos israelo-palestinianos: "Se os palestinianos tomarem uma decisão unilateral, esta significará a anulação de todos os acordos, e libertará Israel de todos os seus compromissos, recaindo toda a responsabilidade sobre os palestinianos", apontou Danny Ayalon.

"Ameaça mais grave do que o Hamas"
São declarações que vão no sentido do que já havia sido afirmado pelo gabinete de Benjamin Netanyahu no final de agosto, quando responsáveis próximos do primeiro-ministro classificavam o projeto de adesão à ONU como uma "ameaça mais grave do que o Hamas".

A ideia que Telavive procura agora fundamentar, com a ajuda de Washington, é de que um Estado palestiniano apenas poderá nascer com o beneplácito israelita, ou seja, à mesa das negociações, numa decisão conjunta. Trata-se contudo de uma solução que terá tardado demais, no entender de alguns analistas.

Paralelamente saem declarações que podem ser entendidas como pré-belicistas por parte de responsáveis da equipa de Netanyahu. Ainda antes de Danny Ayalon ter ameaçado rasgar todos os acordos israelo-palestinianos, rejeitando fornecer detalhes sobre a resposta de Israel, já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Avigdor Lieberman, deixara um aviso sobre as "consequências duras e graves" implicadas neste pedido de adesão à ONU.

Com a ameaça de sanções económicas a pairarem sobre as cabeças dos palestinianos, Obama assumiu já o papel de bombeiro de serviço e veio nesse sentido dizer que procurou levar os responsáveis israelitas “a pensar estrategicamente e a longo prazo. Se os recursos forem interrompidos e de um momento para o outro a Autoridade Palestiniana não for capaz de manter o seu esquema de segurança, isso prejudicará Israel, não ajudará Israel”.
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