Belize pede, em Haia, fim do "Holocausto" de Gaza

por Lusa

O Belize pediu hoje ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) da ONU que impeça Israel de continuar a infligir "cicatrizes durante gerações àqueles que sobrevivem ao Holocausto" em Gaza.

O chefe da diplomacia do Belize, Assad Shoman, afirmou que toda a população da Faixa de Gaza, cerca de 2,3 milhões de pessoas, "está em crise, enfrentando os piores níveis de insegurança alimentar aguda" e considerou que "esta fome não é um acidente", mas parte de um "apagamento planeado" por Israel.

"Não se deve continuar a permitir que se inflijam cicatrizes durante gerações a quem sobreviva a este Holocausto. Israel deve comportar-se como todas as nações civilizadas. Deter a violação do Direito internacional e das resoluções da ONU. Respeitar o direito do povo palestino à autodeterminação. A Palestina deve ser livre", defendeu.

A comparação da situação em Gaza ao Holocausto, cometido pelos nazis contra os judeus, acontece dois dias depois de o Presidente do Brasil, Lula da Silva, ter usado a mesma descrição, a que Israel reagiu declarando-o como "persona non grata".

Para Assad Shoman, Israel pretende "apagar qualquer rasto de via e cultura palestinianas, destruir a essência do que faz dos palestinianos um povo".

O Belize rompeu relações diplomáticas com Israel em novembro devido aos ataques contra Gaza e o chefe da diplomacia garantiu hoje que a "ação forçada" dos israelitas que "nega" o direito à autodeterminação da Palestina está baseada em "políticas e práticas coercivas institucionais" sobre um "povo oprimido".

"Nenhum Estado procura justificar a ocupação indefinida do território de outro, exceto Israel. Nenhum Estado faz uma anexação e `apartheid` impunemente, exceto, ao que parece, Israel", acrescentou.

O responsável sublinhou que a solução passa por Israel "retirar-se imediata, incondicional e totalmente de todo o território palestiniano" que ocupa desde 1967, porque o Estado israelita "não deve ser autorizado a tal impunidade flagrante".

Na sequência de uma resolução da Assembleia Geral da ONU, o TIJ analisa esta semana "as consequências jurídicas derivadas das políticas e práticas de Israel nos territórios palestinianos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental", para emitir um parecer jurídico não vinculativo.

Num outro processo, a África do Sul iniciou um processo no final de dezembro para acusar Israel de violar a Convenção do Genocídio, tendo o TIJ emitido medidas cautelares para exigir a Israel medidas "imediatas e eficazes" para prevenir o genocídio contra os palestinos de Gaza.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 29.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas cerca de 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.

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