Uma criança egípcia de 14 meses teve hoje alta hospitalar, depois de lhe ter sido amputada uma das duas cabeças com que nasceu, tornando-se na única sobrevivente em dez casos semelhantes em todo o Mundo, revelaram hoje os médicos.
Manar Maged nasceu a 30 de Março de 2004 com uma deficiência rara, a "craniopagus parasiticus", que acontece quando um embrião começa a dividir-se para formar gémeos idênticos mas não completa o processo, deixando no útero um bebé por desenvolver.
Manar tem também uma irmã gémea saudável.
«Deus abençoou-nos. A menina está muito bem e vai hoje para casa», disse Naseif Hefnawi, director do Hospital Neonatal de Benha, uma cidade egípcia, 140 quilómetros a Norte do Cairo.
Todos os médicos do hospital continuarão a acompanhá-la diariamente, prometeu aquele clínico.
Anteriormente, houve dez casos como o de Manar em todo o mundo, mas ela foi a única que conseguiu sobreviver à separação, disse Hefnawi.
«O importante é que a menina está a melhorar de dia para dia, que os seus olhos já se concentram. Tudo o que ela precisar, de dia ou de noite, estará disponível», acrescentou Hefnawi, enquanto a menina dormia sossegadamente nos braços da mãe.
Um dos cirurgiões que participou na operação, Abla Alfi, contou que o momento mais difícil aconteceu depois da operação, que demorou 14 horas.
Durante a operação, Manar sangrou abundantemente devido ao grande vaso sanguíneo que tinha de ser separado e, no dia seguinte, registaram-se complicações, com variações da tensão arterial, hipotermia e problemas de coagulação.
Depois, a temperatura de Manar subiu, a respiração tornou-se irregular e voltou a perder muito sangue.
Contudo a menina recuperou.
«Deus foi bom ao permitir-nos devolver a menina à família nestas condições» disse Alfi.
Foi a primeira vez que uma operação deste tipo teve lugar no Médio Oriente.