A defesa do colombiano Alex Saab, considerado pelos Estados Unidos um testa-de-ferro de Nicolás Maduro, pretende levar a detenção em Cabo Verde ao Tribunal Internacional de Justiça, tendo contratado para o efeito o antigo juiz espanhol Baltasar Garzón.
O empresário colombiano, que viajava com passaporte diplomático da Venezuela, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas numa escala técnica no Sal, em 12 de junho, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos da América (EUA).
Baltasar Garzón, um antigo magistrado do Departamento Central de Instrução de Madrid, que ficou conhecido por ter participado no julgamento de alguns dos casos mais mediáticos em Espanha, trabalha agora como advogado, dirigindo um escritório de advocacia que tem como cliente, entre outros, Julian Assange, fundador da Wikileaks, que aguarda decisão judicial no Reino Unido sobre um pedido de extradição para os EUA.
Em causa, da parte da defesa, neste processo, como acusou o governo da Venezuela, está a alegação de que Alex Saab viajava com passaporte diplomático, como seu "enviado especial", bem como eventuais violações das autoridades cabo-verdianas à Carta das Nações Unidas e à Constituição da República.
Além disso, o governo venezuelano insiste que o aviso para a detenção e extradição de Alex Saab só foi emitido pela Interpol em 13 de junho, um dia depois de concretizada no aeroporto do Sal, e que terá sido entretanto retirado.
Os EUA pediram formalmente às autoridades cabo-verdianas a extradição de Alex Saab, descrito como testa-de-ferro do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse à Lusa, em 2 de julho, fonte do governo de Cabo Verde. O pedido formal de extradição foi feito através da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Cabo Verde, dentro dos 18 dias previstos na lei, e o processo envolverá ainda um pedido de autorização ao ministério da Justiça.