Aviso do Irão. EUA vão arrepender-se se abandonarem acordo nuclear

por RTP
Hassan Rouhani deixa um aviso aos Estados Unidos Reuters

A poucos dias da decisão de Donald Trump sobre a manutenção dos EUA no acordo nuclear com o Irão, o presidente iraniano avisa que os Estados Unidos vão lamentar a decisão de sair e que os iranianos vão resistir a qualquer pressão americana para limitar a influência de Teerão no Médio Oriente.

São conhecidas publicamente as opiniões de Donald Trump sobre o acordo nuclear assinado com o Irão e mais seis nações. O presidente norte-americano tem ameaçado retirar os Estados Unidos do acordo caso as potências europeias que dele fazem parte não corrijam o que considera serem "defeitos".

A decisão estará para breve.

Esta segunda-feira, o presidente do Irão alertou que não aceitará qualquer tentativa norte-americana para enfraquecer a influência do país naquela região do globo. "Se querem ter a certeza de que não temos armas nucleares, dissemos repetidamente que não temos e não vamos ter. Mas se quiserem enfraquecer o Irão e limitar a sua influência quer na nossa região ou no mundo, o Irão vai resistir de forma feroz", afiançou Hassan Rouhani.

O acordo nuclear teve na sua base os Estados Unidos e o Irão, países aos quais se juntam a China, França, Alemanha, Rússia e Grã-Bretanha. Teerão reduziu a atividade no programa de enriquecimento de urânio e em contrapartida foram levantadas sanções.

Para além de Rouhani, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão garantiu, na televisão estatal iraniana, que Teerão terá uma reação "feroz" a uma possível violação do Acordo que não será "agradável" para os Estados Unidos.

Outras nações como a Alemanha, França ou Reino Unido querem manter-se fiéis ao acordo assinado e continuar com os Estados Unidos a seu lado. Para isso, os países pretendem encetar conversações com o Irão sobre o seu programa de mísseis balísticos, o que pretende fazer em termos nucleares após 2025, altura em que o Acordo Nuclear expira, e o seu papel nas guerras civis da Síria e Iémen.
Mundo vai autodestruir-se
Quem o diz é Mohamed El Baradei, diplomata egípcio e ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica. El Baradei considera que as potências nucleares não estão a saber lidar com o tipo de armamento e que no futuro o mundo vai autodestruir-se.

"Mais tarde ou mais cedo, intencionalmente, por engano ou acidentalmente, vamos autodestruirmo-nos", afirmou o diplomata.

Mohamed El Baradei saudou a ação de pacificação entre as duas Coreias, deixando críticas para Benjamin Netanyahu e às declarações proferidas sobre o programa nuclear do Irão.

O antigo diretor-geral da AIEA também deixou críticas a Donald Trump e para o populismo que o presidente norte-americano vai espalhando.

"Estamos a lidar com o mundo de uma forma tal que não se partilham os valores. O mundo globalizou-se muito e é necessário adotar uma base de cooperação de 'win-win', não de 'eu ganho e tu perdes'. Todos estamos a perder porque não estamos a ser justos, não estamos a promover a igualdade e, nas esferas da segurança e económica, não tem havido essa aproximação de colaboração. Penso que estamos a caminho da autodestruição", alertou.

Para El Badarei, o populismo é o resultado do "descontentamento" das pessoas em relação à classe à política, em relação às condições de vida.

(c/ agências)
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