Avião aterra de emergência para retirar família de autista

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
D.R.

Um avião da United Airlines aterrou de emergência para que uma jovem autista de 15 anos saísse, depois de o piloto ter alegado “desconforto” em voar com a rapariga a bordo. A mãe de Juliette garante que vai processar a companhia por discriminação.

O caso está a ser noticiado por toda a imprensa norte-americana, depois da reportagem de um órgão de comunicação local, a Koin 6 News, ter revelado o caso. A mãe de Juliette alega que a família foi expulsa do voo da United Airlines, depois do piloto se ter sentido "desconfortável" com a rapariga autista a bordo.

Este é o momento em que a família é retirada do avião, captado por um passageiro. Uma gravação onde se ouvem alguns comentários dos passageiros como “vai haver um processo legal”.


Video do passageiro Chris Hall, fornecido à KOIN 6 News

O caso ocorreu a 5 de maio, num voo da United Airlines entre Houston e Portland, quando a família regressava de uma viagem à Disney.

Donna Beegle, a mãe de Juliette, uma jovem autista de 15 anos, conta que Juliette não quis comer antes de embarcar. Donna perguntou depois a bordo se havia uma refeição quente que pudessem servir à filha da ementa da primeira classe, mesmo pagando, já que Juliette normalmente recusava comida à temperatura ambiente.

Depois das primeiras recusas da tripulação, Donna explicou “tenho uma filha com necessidades especiais e preciso de lhe dar algo para comer”. Perante uma nova recusa da assistente de bordo, e perante alguma frustração de Juliette, a mãe disse “que tal nós esperarmos por uma crise, que ela comece a chorar e a tentar arranhar alguém, em frustração. Não quero que ela chegue a esse ponto”, conforme Donna contou à ABC News.

A refeição apareceu, e Donna diz que a filha comeu e ficou bem.
Aterragem de emergência
Cerca de 25 minutos depois, o piloto anuncia uma aterragem de emergência a meio do percurso, em Salt Lake City, devido a um “passageiro com problemas de comportamento”.

Já em terra, paramédicos e polícia entraram a bordo para retirar a jovem e a restante família. A mãe conta que a rapariga estava calma no seu lugar.

De acordo com o relato de Donna Beegle, a família teve de abandonar o avião devido ao “medo do autismo” e que a polícia argumentou que tinham de sair porque o comandante “disse não estar confortável a voar para Portland com Juliette a bordo".

Um dos passageiros a bordo do avião disse à ABC News criticou o que considerou ser discriminação, e que tinha “sido totalmente ridículo” já que a adolescente estava calma.
Processo por discriminação
A mãe de Juliette já fez queixas à United Airlines e à entidade que tutela a aviação nos Estados Unidos, e ambos deverão analisar o caso. E garante que vai processar a companhia aérea por discriminação. Donna diz que será um incentivo ao treino dos trabalhadores das companhias aéreas para lidDonna Beegle afirma que Juliette viaja com frequência, inclusivamente para Londres, Paris e 22 estados norte-americanos. Juliette teve diagnóstico de autismo quando tinha três anos e de acordo com a descrição da mãe, a jovem tem um QI elevado, mas dificuldades em comunicar. arem com casos de pessoas com autismo. “Percebi a ignorância”, diz Donna à Koin 6 News, acrescentando “que isso vai mudar, para que ninguém mais tenha de passar por isto”.

Em comunicado, a United Airlines respondeu aos meios de comunicação social norte-americanos dizendo que, depois de tentar acomodar a família durante o voo, “a tripulação tomou a melhor decisão para a segurança e comodidade dos passageiros e decidiu fazer a paragem em Salt Lake City depois da situação se tornar disruptiva”. A companhia marcou novo voo para a família numa outra companhia.












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