As autoridades responsáveis pelos assuntos religiosos na Malásia acusaram hoje um grupo empresarial investigado por um caso escandaloso de abuso sexual de crianças em lares de acolhimento de gerir o pessoal com "elementos de escravatura".
Nooh Gadot, funcionário do Conselho Nacional para os Assuntos Religiosos Islâmicos, sublinhou que esta era uma das razões pelas quais os ensinamentos fornecidos pela Global Ikhwan Service and Business Holding (GISB) tinham sido declarados desviantes e os muçulmanos tinham sido instados a evitar o conglomerado, acusado de gerir instalações descritas pelos meios de comunicação social como "casas de horror".
O GISB gere uma rede de supermercados, restaurantes e agências de viagens destinados a clientes muçulmanos na Malásia e em mais de dez outros países.
Em setembro, a polícia malaia fez uma rusga em lares geridos pela GISB, colocando em segurança mais de 600 crianças, algumas das quais tinham sido vítimas de abusos sexuais.
Foram também detidas 415 pessoas, incluindo o diretor executivo da empresa, a sua mulher e quadros superiores do grupo. O conglomerado é também acusado de branqueamento de capitais.
A GISB pratica uma forma de gestão que "inclui elementos de escravatura, com as necessidades dos seguidores a serem totalmente satisfeitas pela empresa, em troca da qual são obrigados a servir voluntariamente, sem qualquer salário", explicou Nooh Gadot num comunicado de imprensa.
O responsável afirmou que o conglomerado tinha propagado a crença de que a água utilizada para lavar o cabelo, a barba e outras partes do corpo dos seus líderes poderia trazer bênçãos.
Apelou a "todos os que aderem, praticam, propagam e ensinam estes ensinamentos e crenças" a "arrependerem-se".
Segundo a AFP, não foi possível entrar em contacto com a GISB e um advogado do grupo não respondeu aos pedidos de comentário feitos pela agência francesa de notícias.
O conglomerado causou controvérsia devido às suas ligações com a seita islâmica Al-Arqam, proibida na Malásia desde 1994 por ensinamentos desviantes e cultos de personalidade.