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Autoridades libanesas divididas sobre proposta de cessar fogo dos EUA

por Lusa

As autoridades libanesas estão divididas na posição a tomar sobre uma proposta apresentada pelos Estados Unidos para um cessar-fogo entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, mais de um ano depois do início da guerra.

O presidente do parlamento, Nabih Berri, afirmou hoje ter recebido a proposta dos Estados Unidos, mas considerou-a "não aceitável" nos seus termos atuais.

"A proposta dos EUA inclui uma linguagem que não é aceitável para o Líbano, que é a questão da formação de um comité para supervisionar a implementação da Resolução 1701 [da ONU, que pôs fim à guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006], que inclui vários países ocidentais", afirmou, numa entrevista ao jornal árabe al-Sharq al-Awsat, sediado em Londres.

"Os norte-americanos e outros sabem que isto é inaceitável, e que não pode sequer ser discutido em princípio, que não podemos aceitar qualquer violação da nossa soberania", disse, referindo-se à "liberdade de movimento" do exército israelita no Líbano incluída na proposta.

Nabih Berri, principal figura mediadora do conflito, já que é o único em quem o Hezbollah confia, negou que a proposta inclua "o envio da NATO ou de outras forças" para o país.

O enviado especial do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, garantiu hoje, em Beirute, que o Irão estará ao lado do Governo libanês e da `resistência`, numa referência ao Hezbollah, face a "qualquer decisão".

A posição foi anunciada depois de o primeiro-ministro interino do Líbano ter pedido ao Irão que ajudasse a garantir o cessar-fogo, instando-o a convencer o Hezbollah a concordar com a proposta, que pode exigir a sua retirada da fronteira israelo-libanesa.

O Irão é o principal apoiante do Hezbollah e há décadas que financia e arma o grupo xiita libanês.

Entretanto, dois responsáveis do Governo libanês, citados pela agência de notícias francesa AFP, mas não nomeados, garantiram à agência que o Líbano está a estudar uma proposta de cessar-fogo norte-americana, com 13 pontos, apresentada pela embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, ao primeiro-ministro e ao líder do parlamento.

Caso se chegue a acordo, "haverá um cessar-fogo de 60 dias", especificou um dos responsáveis, sublinhando que Israel ainda não deu resposta.

O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, afirmou na quinta-feira, em conversa com o seu homólogo francês, Jean-Noël Barrot, que existe "um desejo de alcançar um cessar-fogo" no Líbano para permitir que mais de 60.000 pessoas deslocadas do norte de Israel possam regressar às suas casas, e que estão a ser "feitos progressos" nas negociações.

No entanto, Saar esclareceu que um acordo não é suficiente se a comunidade internacional não garantir que o Líbano "seja devolvido ao povo libanês em vez de ser controlado pelo regime iraniano".

O Hezbollah começou a disparar `rockets` contra o norte de Israel um dia depois de o ataque-surpresa do grupo islamita palestiniano Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.

Desde o início do conflito, mais de 3.400 pessoas morreram e 1,2 milhões foram forçadas a abandonar as suas casas, sendo que a maior parte das vítimas foi causada pelos combates iniciados depois de 23 de setembro, quando Israel deu início à campanha de bombardeamentos massivos no território.

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