Autoridades alemãs pedem proibição de "bombas ilegais de fogo-de-artifício"

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: Christian Mang - Reuters

As celebrações de Ano Novo na Alemanha foram marcadas por violência e confrontos, com recurso a fogo-de-artifício, e pela detenção de 400 pessoas. Cinco pessoas morreram e várias ficaram feridas, incluindo polícias, o que levou as autoridades alemãs a pedir a proibição de pirotecnia para uso pessoal.

Na Alemanha, é tradição lançar-se fogo-de-artifício em espaços públicos, mas nas celebrações de passagem de ano houve confrontos e várias habitações e infraestruturas ficaram danificadas. De acordo com os bombeiros de Berlim, detonações muito fortes danificaram fachadas de casas e partiram janelas, registando-se um total de 36 apartamentos dados como inabitáveis.

O uso de pirotecnia é comum e pouco regulamentado no país e, no Ano Novo, registaram-se vários feridos e cinco vítimas mortais devido a explosivos Kugelbomben, restritos a uso profissional.
Apesar dos apelos para a proibição a nível nacional do uso privado de fogo-de-artifício, este continua a ser uma parte significativa das celebrações do Ano Novo no país, com milhares de fogos-de-artifício a serem lançados todos os anos nas ruas das cidades.

Em Berlim, ainda 30 polícias e um bombeiro ficaram feridos nos confrontos durante as celebrações de Ano Novo, o que levou a cerca de 400 detenções. Centenas de polícias do país foram mobilizados para a cidade para ajudar a prevenir mais episódios de violência.

De acordo com a emissora pública local MDR, duas pessoas morreram no estado da Saxónia, no leste do país, incluindo um homem de 45 anos que morreu depois de manusear o que foi descrito como uma “bomba de fogo-de-artifício”.
Importação de "bombas de fogo-de-artifício"
A maioria das mortes registadas foram de homens jovens em acidentes distintos enquanto tentavam acender pirotecnia, em alguns casos usando bombas de fogos de artifício ilícitas que os próprios improvisaram para um efeito mais espetacular. As conhecidas Kugelbomben foram trazidas principalmente da Polónia ou da República Checa e são combinadas com componentes como latas de aerossol e tubos de plástico para um estrondo maior e uma trajetória mais alta.

O porta-voz de assuntos internos da União Democrata Cristã de centro-direita em Berlim, Burkard Dregger, exigiu esta quinta-feira medidas mais duras para impedir a disseminação das Kugelbomben nas cidades alemãs durante as celebrações e festividades.

“A importação de fogos-de-artifício proibidos – Kugelbomben – de países vizinhos do leste tem que ser interrompida com controlos de fronteira ainda mais rigorosos”, afirmou à emissora pública local RBB, pedindo negociações com os governos da Polónia e da República Checa para chegar a um consenso regional.

As bombas esféricas ou de bola vêm em vários tamanhos e são reservadas na Alemanha para exibições profissionais de fogos-de-artifício. Antes da véspera de Ano Novo, no entanto, estavam à venda ilegalmente nas redes sociais.

Também chefe regional do sindicato policial GdP de Berlim, Stephan Weh, exigiu uma repressão às importações de bombas de pirotecnia ilegais e uma proibição geral de uso privado de fogo-de-artifício.

“Foguetes, bombinhas e fogos-de-artifício compostos são usados para atacar pessoas e o número de Kugelbomben está a aumentar”, disse num comunicado. “Fogo-de-artifício é para ser usado por profissionais”.

A organização ambiental alemã Deutsche Umwelthilfe juntou-se aos apelos para uma proibição nacional da venda privada de artigos pirotécnicos na véspera de Ano Novo, num comunicado de quarta-feira, alertando para o facto de a passagem do ano se ter tornado, mais uma vez, “uma noite de horror para inúmeras pessoas”.

Por todo o país, foram registados vários incidentes relacionados com fogo-de-artifício, que provocaram este ano pelo menos cinco mortes e centenas de feridos.

A ministra da Administração Interna alemã, Nancy Faeser, condenou a violência e referiu que as forças policiais têm sido mobilizadas para dar uma resposta rápida de combate a este tipo de fenómenos.

A governante defendeu que aqueles que atacaram a polícia deverão ser “acusados e condenados com a maior severidade”.
Tópicos
PUB