O homem mais procurado de Espanha foi abatido esta segunda-feira na localidade de Subirats, quatro dias depois do atentado em Barcelona, que fez 13 vítimas mortais. Terminada a operação policial para encontrar Younes Abouyaaqoub, todos os 12 suspeitos com ligações aos atentados na Catalunha foram detidos ou estão mortos, mas a polícia catalã garante que as investigações continuam em curso.
A operação durou escassas horas e terminou com a morte de Younes Abouyaaqoub, autor material do ataque nas Ramblas, no centro de Barcelona, onde morreram 13 pessoas e mais de uma centena ficaram feridas. Ao início da tarde desta segunda-feira, os Mossos D’Esquadra pediam a colaboração dos cidadãos no sentido de encontrar o principal suspeito.
Com efeito, foi precisamente com os telefonemas de dois cidadãos, nem três horas depois, que a polícia conseguiu localizar o fugitivo em Subirats, a cerca de 50 quilómetros de Barcelona.
Uma mulher relatou ter visto um homem que tinha semelhanças físicas com o terrorista junto a uma bomba de gasolina. Quando interpelou o suspeito, este fugiu para uma zona de vinhas. Passados alguns minutos, um homem garantia que tinha visto o sujeito procurado pela polícia junto de uma zona habitacional isolada.
A segunda testemunha relatou que o suspeito teria assobiado, o que levou a polícia a assumir temporariamente a existência de um alegado cúmplice.
Cinto falso
Com as indicações dos dois telefonemas, a polícia conseguia encontrar o suspeito durante a tarde, que acabou por se mostrar às autoridades com um cinto de explosivos.
Perante a possível ameaça, as autoridades catalãs abateram o terrorista a uma distância de dez a quinze metros, confirmando algumas horas depois que se tratava de Abouyaaqoub, o autor do ataque.
Fontes policiais citadas por vários órgãos espanhóis, incluindo o El País e o La Vanguardia, referem que o jovem de 22 anos, autor do atentado de Barcelona, gritou Allahu Akbar (Alá é grande) antes de morrer.
Os peritos de desativação de artefactos explosivos estiveram no local e recorreram a um robot para fazer a aproximação ao terrorista abatido. Verificaram que o cinto de explosivos era falso, tal como acontecera na madrugada de sexta-feira em Cambrils, onde foram abatidos cinco terroristas da mesma célula. O atentado de Cambrils fez uma vítima mortal, tendo sido parcialmente impedido pela polícia.
"Pouco antes das 17h00, os Mossos d'Esquadra abateram Younes Abouyaaqboub, condutor da furgoneta usada no atentado de Barcelona na quinta-feira passada", confirmou Carles Puidgemont, presidente da regiao autónoma da Catalunha, durante a conferência de imprensa ao final da tarde.
Ao fim de cinco dias de caça ao homem, a polícia conseguiu reconstituir parte do percurso de Younes Abouyaaqoub durante a fuga. O terrorista foi avistado no mercado de La Boqueria e, perante a confusão instalada na cidade, conseguiu caminhar mais de cinco quilómetros.
A polícia conseguiu localizá-lo junto de uma zona universitária, a cerca de 100 metros de Camp Nou, o estádio do Barcelona. Foi nessa zona que o sujeito esfaqueou uma pessoa durante o roubo de um veículo que usou para fugir às autoridades e tentar abandonar Barcelona.
Mais tarde, a polícia viria a confirmar a morte do condutor da carrinha furtada, tornando-se dessa forma na 15ª vítima mortal dos atentados de Barcelona e Cambrils. O terrorista conduziu por 20 minutos e viria a abandonar a carrinha, perto de Sant Just Desvern.
Até hoje era desconhecido o paradeiro de Younes Abouyaaqoub. A zona onde foi avistado e abatido esta segunda-feira, em Subirats, fica a 50 quilómetros de Sant Just Desvern.
Célula de Ripoll
A informação sobre a autoria do ataque de quinta-feira foi confirmada pela polícia através da recolha de impressões digitais. Younes Abouyaaqoub tinha 22 anos e vivia em Ripoll, Girona, desde os quatro.
O autor material do ataque nas Ramblas de Barcelona radicalizou-se nesta pequena localidade espanhola. Pertencia à célula jihadista que se começou a reunir em 2015, aquando da chegada do imã Abdelbaki Es Satty. O jornal El País conta que este grupo era constituído por jovens, irmãos e amigos, que tinham entre os 17 e os 24 anos, estavam completamente integrados na comunidade, mas que se foram radicalizando pouco a pouco.
As autoridades confirmaram esta segunda-feira que Abdelbaki Es Satty, considerado o “cérebro” da célula terrorista, morreu na quarta-feira antes do atentado de Barcelona, na sequência da explosão em Alcanar.
Terá sido precisamente esse imprevisto a precipitar os dois atentados do dia seguinte, em Barcelona e em Cambrils. Segundo a polícia, os terroristas planeavam um atentado de maior envergadura. Os dois atentados ocorridos na passada quinta-feira foram reivindicados pelo Estado Islâmico.
Em conferência de imprensa, Josep Lluis Trapero, chefe da polícia catalã, confirmou esta segunda-feira que a célula envolvida nos ataques ocorridos na semana passada na Catalunha foi aniquilada. No entanto, os Mossos d’Esquadra não dão por encerrada esta operação após a morte ou detenção de todos os terroristas, uma vez que a investigação sobre os ataques ainda prossegue.
Dos doze terroristas, quatro foram detidos, dois morreram em Alcanar, no local onde ocorreu a explosão na véspera do ataque em Barcelona, cinco foram mortos em Cambrils, onde ocorreu o segundo atentado, e agora o principal suspeito, abatido em Suburats.
"No entanto, não significa que a investigação em causa fique terminada e que não tenhamos notícias nas próximas semanas", reiterou Josep Lluis Trapero, chefe da polícia catalã.