Foi transferido, nas últimas horas, para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, o presumível homicida de duas mulheres no Centro Ismaelita, que se mantém sob custódia da Polícia de Segurança Pública. Foi submetido a uma cirurgia.
O refugiado afegão fora transportado, num primeiro momento, para o Hospital de São José.
O ataque do homem de 29 anos, afegão, provocou as mortes de duas mulheres. Do ataque resultou outro ferido, o professor de português do Centro Ismaili, que se deslocou até ao Hospital de Santa Maria pelos próprios meios. Apresentava ferimentos na zona do pescoço e do peito. Já teve alta entretanto.
Atacante gravou vídeo em 2021 a pedir ajuda
Num vídeo gravado em 2021, o suspeito do ataque de terça-feira, Abdul Bashir, pedia ajuda ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Na altura estava na Grécia, já viúvo. Perdeu a mulher num campo de refugiados. O presidente da Comunidade Afegã em Portugal afirma que o autor do ataque estava desesperado, porque o apoio recebido pelas autoridades portuguesas não era suficiente. O homem é beneficiário do estatuto de proteção internacional e não era alvo de "qualquer sinalização" pelas autoridades, disse o ministro da Administração Interna.
"Tudo leva a crer que se trata de um ato isolado", afirmou José Luís Carneiro, acrescentando que as circunstâncias e as motivações do crime estão a ser alvo de investigação, e alertando para a necessidade de "evitar análises precipitadas". O ministro da Administração Interna manifestou disponibilidade para ser ouvido no Parlamento sobre o ataque, na sequência de um pedido do Chega a requerer a presença do ministro da Administração Interna no parlamento e proposto ainda um debate sobre política de imigração.
Os refugiados afegãos começaram a chegar a Portugal duas semanas depois de os taliban tomarem o poder. Num ano, Portugal acolheu mais de 800 afegãos com o estatuto de refugiado, mas 200 acabaram por sair para outros países.