Autarca de Quelimane convoca manifestações a partir de sexta-feira

por Lusa

O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, quadro da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) convocou hoje manifestações gerais em toda província da Zambézia a partir de sexta-feira até à proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC).

"Convocamos todos os zambezianos, em cada distrito, localidade e bairro desta vasta e rica província a erguerem as suas vozes de forma pacífica e ordeira, para exigir a reposição da verdade eleitoral", lê-se num comunicado do autarca enviado à Lusa.

Manuel de Araújo, presidente do município de Quelimane, foi candidato à governador da província da Zambézia nas eleições de 09 de outubro, onde a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarou vencedor Pio Matos, candidato suportado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

O membro da Renamo, que não reconhece os resultados, convocou manifestações e marchas em toda a província, a começar esta sexta-feira, a partir das 15 horas locais (13:00 de Lisboa), avisando que se trata de um direito constitucional.

"Em respeito à memória dos heróis que fizeram desta pátria um solo livre e soberano, à Constituição da República e à vontade popular, dirijo-me ao povo da Zambézia para reiterar a nossa determinação em assegurar que a soberania popular seja respeitada", lê-se na mensagem do autarca.

No mesmo documento, Araújo afirma que a "Zambézia sempre escolheu" os seus dirigentes com recurso a processos democráticos, lembrando que as marchas por si convocadas são uma luta pelo lugar que é "bastião da liberdade, democracia e escolha consciente".

"Mais uma vez, a Zambézia escolheu a Renamo para liderar os destinos desta província e não permitiremos que a vontade soberana do nosso povo seja obliterada por quaisquer artimanhas ou manipulações", apontou.

"Esta é uma luta que transcende partidos políticos; é uma luta pelo respeito à democracia", conclui o autarca, pedindo a participação de toda província nas manifestações.

O Conselho Constitucional afirmou em 25 de novembro estar a "trabalhar afincadamente" para alcançar a "verdade eleitoral" sobre as eleições gerais de outubro, antevendo a proclamação dos resultados finais por volta de 23 de dezembro.

Manuel de Araújo convocou as marchas numa altura em que o candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel.

"Todos os bairros em atividade forte", disse Venâncio Mondlane, convocando este novo período de contestação de 04 a 11 de dezembro.

O anúncio pela CNE, em 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

 

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