A Austrália e a Nova Zelândia retiraram 300 pessoas retidas na Nova Caledónia, em quatro voos de repatriação, após uma semana de tumultos no território ultramarino francês, anunciaram os dois países.
O ministro do Pacífico australiano disse que dois Hércules C-130 da Força Aérea Real Australiana voaram da capital da Nova Caledónia, Numeá, para Brisbane, na costa leste australiana, na noite de terça-feira, com 115 passageiros, incluindo 84 australianos.
Conroy não revelou as nacionalidades dos outros 31 passageiros, mas sublinhou que a Austrália tem acordos bilaterais com o Canadá e o Japão para ajudar os seus cidadãos em crises.
Outros mais de 200 australianos já fizeram também um registo junto do Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio da Austrália para deixar a Nova Caledónia, onde foi declarado estado de emergência durante pelo menos 12 dias.
"Damos prioridade aos idosos, as grávidas e os mais vulneráveis", disse Conroy à televisão australiana Nine Network. "Continuaremos a trabalhar com o governo francês para garantir a retirada da Nova Caledónia de todos os australianos que queiram partir", acrescentou.
Cem neozelandeses chegaram a Auckland, no norte da Nova Zelândia, na noite de terça-feira e um segundo avião com mais 100 cidadãos a bordo estava a voar da Nova Caledónia para o país, através de Brisbane, informou o jornal The New Zealand Herald.
O representante do Estado francês na Nova Caledónia, Louis Le Franc, disse hoje que, além de estrangeiros que viviam no arquipélago, também uma centena de turistas já foi retirada do território.
"Estas operações continuarão até à reabertura do aeroporto internacional de La Tontouta", que irá permanecer encerrado a voos comerciais pelo menos até sábado, afirmou Le Franc.
Origem dos tumultos
A madrugada "foi mais calma que a anterior, apesar dos dois incêndios na área metropolitana de Numeá", escreveu o comissário, num comunicado de imprensa.
O presidente francês, Emmanuel Macron, encontra-se neste momento a viajar para a Nova Caledónia, numa visita anunciada na terça-feira, após o reforço das forças de segurança no território.
O arquipélago francês do Pacífico Sul é palco, há mais de uma semana, de violência numa escala inédita há 40 anos, em reação a uma reforma do órgão eleitoral criticada pelos apoiantes da independência.
A crise teve início quando foi apresentado um novo projeto de lei adotado em Paris que determina que residentes franceses que vivem no arquipélago há 10 anos passam a poder votar nas eleições locais.
Os líderes políticos locais, incluindo os defensores da independência, temem que os povos nativos da Nova Caledónia fiquem enfraquecidos com a nova medida.
Os motins que se seguiram já causaram a morte de seis pessoas, incluindo dois polícias, centenas de feridos e cerca de 270 detidos, segundo as autoridades.