A Austrália do Sul entrou num confinamento de seis dias para tentar travar a subida do número de infeções por Covid-19 a que tem assistido, causada por um surto descoberto na passada semana. Depois de milhares de casos de infeção, a Austrália conseguiu aproximar a zero os seus números e receia, agora, o regresso em força da doença.
As autoridades de saúde consideram necessárias medidas que interrompam a cadeia de transmissão para que o vírus seja travado “no seu início”.
O confinamento na Austrália do Sul começou às 00h00 desta quarta-feira (hora local) e chega poucas semanas depois de o Estado vizinho de Vitória ter atravessado uma segunda onda da pandemia que fez oito centenas de vítimas mortais.
Após a “pausa de seis dias”, haverá mais oito dias de restrições menos rígidas, segundo as autoridades locais, citadas pela BBC. Esta semana, a maioria dos Estados australianos encerrou as suas fronteiras aos habitantes da Austrália do Sul.
Esta não é a primeira vez que a Austrália responde de forma agressiva a um surto relativamente pequeno. Desde o início da pandemia, foram já vários os Estados desse país da Oceânia que decidiram suspender a economia ou aplicar restrições nas fronteiras para travar o SARS-CoV-2.
Quase imediatamente depois de ter sido anunciado o confinamento na Austrália do Sul, começaram a surgir em redes sociais imagens de habitantes a fazerem filas nos supermercados.
As autoridades desse Estado já alertaram que não são necessários açambarcamentos, uma vez que os supermercados e farmácias permanecerão abertos durante o período de quarentena.
Huge crowds have already filled shopping centres at Port Pirie. After the State Government announced tough new restrictions to fight a coronavirus cluster in #Adelaide. @abcadelaide @abcnews pic.twitter.com/rAp3tiQpo7
— Gary-Jon Lysaght (@GJLysaght) November 18, 2020
O governador da Austrália do Sul apelou, entretanto, aos habitantes que “estejam à altura do desafio novamente” perante este segundo e repentino confinamento. “Precisamos que se interrompa o circuito de transmissão para que possamos ultrapassar isto”, declarou Stephen Marshall.
“Precisamos de espaço para rastrear contactos e proteger os idosos, os vulneráveis e toda a nossa comunidade”, acrescentou.
Já o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, justificou esta quarta-feira o súbito confinamento com “as lições retiradas de surtos anteriores”.
Um quinto dos casos foi importado
Esta quarta-feira, o Estado em questão anunciou dois novos casos de Covid-19 entre 9500 testes realizados. As autoridades de saúde consideram este número “pequeno, mas crítico”.
À semelhança do surto que ocorreu no Estado vizinho de Vitória, também o surto na Austrália do Sul teve início num espaço de quarentena dentro de um hotel. A origem levou a que as medidas de segurança neste tipo de espaços, reservados a pessoas suspeitas de portarem o vírus, sejam reavaliadas.
Segundo as autoridades, uma empregada de limpeza desse hotel ficou infetada e espalhou o SARS-CoV-2 a membros da comunidade local.
A Austrália encerrou todas as suas fronteiras a viajantes internacionais logo desde março, mas permitiu aos seus cidadãos e residentes permanentes que regressassem a casa, desde que cumprissem uma quarentena de 14 dias num hotel.
Cerca de um quinto dos casos foi precisamente diagnosticado em viajantes que regressaram ao país.
A Austrália, que até ao momento registou 28 mil casos de Covid-19 e 907 mortes pela doença, viu nas últimas semanas os números aproximarem-se de zero, depois de o Estado de Vitória ter conseguido combater com o sucesso o vírus.
Esse combate exigiu, porém, um confinamento de quatro meses na capital do Estado, Melbourne, onde os habitantes não tinham a liberdade de sair de casa a não ser para fins essenciais e eram obrigados a cumprir um horário de recolhimento obrigatório.
Tópicos
Austrália do Sul
,
Confinamento
,
Coronavírus
,
SARS-CoV-2
,
Covid-19
,
Surto
,
Austrália
,
Pandemia