Auschwitz, 70 anos depois da libertação

por Sandra Salvado, RTP
Peter Andrews, Reuters

Cerca de 300 sobreviventes de Auschwitz regressaram esta terça-feira ao lugar onde viveram um dos piores horrores da História. Há precisamente 70 anos eram libertados os prisioneiros do maior e mais terrível campo de concentração nazi. A 27 de janeiro de 1945.

"O 70.º aniversário não vai ser o mesmo que grandes aniversários anteriores. Temos de dizer claramente: é o último grande aniversário que podemos comemorar com um numeroso grupo de sobreviventes", declara o diretor do Museu do Memorial de Auschwitz num depoimento publicado pelo portal da instituição.

"As suas vozes tornaram-se o aviso mais importante contra a capacidade humana de extrema humilhação, desprezo e genocídio", acrescenta Piotr Cywinski.



"No entanto, em breve não serão as testemunhas daqueles anos, mas nós, as gerações do pós-guerra, que vão passar este conhecimento horrível e as conclusões que dela resultam", prossegue o diretor do Museu do Memorial, responsável pelas cerimónias dos 70 anos da libertação do campo de concentração nazi.

"É por isso que é tão importante que presidentes, primeiros-ministros e representantes de alto Estado das instituições internacionais presentes em Birkenau durante a comemoração, assim como a opinião pública mundial através dos meios de comunicação, oiçam a voz de ex-prisioneiros", enfatiza.
"Loucos de pijama"

Leon Weintraub foi um dos sobreviventes de Auschwitz. A RTP recolheu o depoimento deste judeu polaco, que perdeu toda a família e só escapou à morte porque conseguiu fugir.

"Chegámos de manhã após duas noites e dois dias de viagem, sem nada para beber, sem comida. Abriram as portas e vimos loucos de pijama", contou Leon à RTP.
Reportagem de Sandra Sá Couto e David Araújo, RTP

As cerimónias desta terça-feira são uma das derradeiras oportunidades para ouvir os sobreviventes, quase todos com mais de 90 anos de idade. O local recebe atualmente um milhão de visitantes por ano.

Trata-se do maior e mais mortífero campo de extermínio nazi e o único que se afigura tal como foi abandonado pelos alemães que fugiram do Exército Vermelho. Outros campos de concentração na Polónia, como Sobibor, Treblinka ou Belzec, foram destruídos.
Reportagem de Sandra Sá Couto e David Araújo, RTP

Auschwitz-Birkenau foi construído pelas forças alemãs em 1940 para ser um lugar de encarceramento de cidadãos polacos. A partir de 1942, o campo transformou-se no maior local de assassínio em massa da História.

Entre 1940 e 1945 perderam a vida naquele complexo mais de 1,3 milhões de pessoas, a maioria judeus, mas também polacos, ciganos, prisioneiros de guerra soviéticos e prisioneiros de outras etnias.
"Marchas da morte"

Os soldados alemães combateram a chegada do Exército Vermelho a Auschwitz. Mais de 230 militares soviéticos morreram para libertar o campo de concentração.
Reportagem de Frederico Moreno, Antena 1

Os nazis iniciaram o processo de evacuação a 17 de janeiro de 1945. Entre nove mil e 15 mil pessoas terão morrido durante as “Marchas da Morte”. O complexo de concentração e extermínio no sul da Polónia seria libertado dez dias depois pelas forças soviéticas.

O Museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947 nas instalações do antigo campo de concentração, declarado Património da Humanidade pela UNESCO em 1979, passando a ser um dos principais símbolos do Holocausto.
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