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Aumenta apoio europeu à elevação da posição da Palestina na ONU

por RTP
Eborutta, DR

A Espanha e a Noruega declararam esta quarta-feira que votarão favoravelmente o reconhecimento da Palestina como “Estado observador não-membro ” da ONU. Ontem a França tinha feito o mesmo, tornando-se no primeiro grande país europeu a apoiar publicamente a pretensão palestiniana que amanhã vai ser votada na Assembleia-geral das Nações Unidas. A Europa está dividida quanto à questão; Portugal e a Suiça vão votar a favor e a Alemanha deverá abster-se ou votar contra. Israel e os EUA são frontalmente contrários, mas o projeto deverá mesmo assim ser aprovado com o apoio da esmagadora maioria dos 193 Estados membros da organização.

O apoio de Madrid ao estatuto de Estado-observador para a Palestina foi expresso esta manhã no parlamento pelo ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros Jose Manuel Garcia Margallo.

O governante disse que a Espanha apoia o pedido palestiniano na ONU por considerar que o mesmo representa a melhor maneira de avançar na causa da paz.
Noruega também apoia pedido palestiniano
No mesmo sentido foi o anúncio feito hoje pelo ministro norueguês dos Negócios Estrangeiros na sua conta do Twitter.

“A Noruega votará sim à elevação do estatuto da Palestina na Assembleia-geral da ONU” escreveu Espen Barth Eid, “o projeto de resolução é equilibrado e construtivo”.

Em declarações ao canal de televisão do Estado NRK, o ministro justificou a decisão do seu país pela necessidade de dar “um novo impulso” às negociações israelo-palestinianas, que se encontram em ponto morto e reforçar a posição do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que assina o pedido.

A posição francesa foi manifestada ontem pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Laurent Fabius que justificou o “sim” de Paris com “a necessidade de coerência. Segundo os observadores, o “timing” escolhido para o anúncio parece ter como objetivo influenciar a posição de outros países europeus que ainda não se pronunciaram contra ou a favor.
EUA dizem que a posição palestiniana é "um erro"
Em Washington a porta-voz do Departamento de Estado reagiu à posição francesa dizendo que a mesma não vai alterar a opinião dos governo dos EUA, que considera a posição palestiniana “um erro”.

“No que respeita à França, e a quaisquer outros países discordamos obviamente com o nosso mais velho aliado nesta questão”, disse Victoria Nulland, “ eles sabem que discordamos, mas trata-se de uma decisão soberana que lhes compete”.

Recorde-se que a posição portuguesa nesta questão já foi expressa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas a 19 deste mês em Bruxelas.
Portugal apoia pedido de Mahmoud Abbas
Portas disse que Portugal é favorável a que a Autoridade Palestiniana tenha o estatuto de "Estado-observador" na Assembleia-Geral das Nações Unidas, considerando que tal constituiria um "prémio para quem é moderado".

Falando à saída de uma reunião dos chefes de diplomacia da União Europeia, na qual se discutiu a situação de crise no Médio-Oriente o representante da diplomacia portuguesa considerou que seria incompreensível que a União Europeia não apoiasse essa pretensão palestiniana, de privilegiar a via do diálogo.

"Se nós dizemos aos palestinianos 'o caminho não é a violência, a via correta é a negociação politica', então, quando a Autoridade Palestiniana recorre às Nações Unidas, à Assembleia-Geral, para uma via política, pedindo para ser não estado-membro, mas estado-observador, que é uma opção em segunda vontade dos palestinianos, se porventura a Europa lhes fechasse a porta perderia coerência e perderia relevância", considerou.
Lisboa gostaria de ver unanimidade europeia nesta matéria
"O que a Autoridade Palestiniana está a pedir é (o estatuto de) estado-observador, é diferente de ser estado-membro", é apenas "intermédio", sublinhou Portas, considerando que aceder a tal desejo é dar "um sinal claro de que a comunidade internacional quer negociações politicas, respeita o direito da Palestina a ter um dia um Estado que viva a lado a lado em segurança com Israel".

Paulo Portas garantiu que "Portugal continuará a acompanhar com os seus parceiros europeus esta matéria", e disse que "tomara que fosse possível uma posição única dos membros da UE sobre a votação nas Nações Unidas",o que não sucedeu, por exemplo, na questão da UNESCO.
Austrália abstem-se
Mahmoud Abbas e a Autoridade Palestiniana estão confiantes de que a Assembleia Geral vai votar favoravelmente o pedido, que consideram um passo importante no sentido de uma solução de dois estados com Israel. Os palestinianos acreditam que um forte apoio à proposta na ONU irá fortalecer consideravelmente a sua posição negocial.

Ao contrário do Conselho de Segurança, onde o voto contra de um membro permanente como os Estados Unidos inviabiliza automaticamente uma resolução , a Assembleia-Geral das Nações Unidas não prevê o direito de veto, e conta com uma maioria de países favoráveis à causa palestiniana pelo que a proposta palestiniana tem a aprovação praticamente garantida.

Israel opõe-se veementemente à pretensão acusando os palestinianos de tentarem “curto-circuitar” o processo negocial.

Facto significativo, a Austrália, que tradicionalmente alinha ao lado dos Estados Unidos e de Israel, nestas questões, já anunciou que se absterá na votação de quinta-feira, numa decisão que está a dividir o governo de Camberra e já foi condenada pela oposição.

“A posição do governo representa um equilíbrio entre o nosso apoio de longa data ao direito do povo palestiniano à autodeterminação e a um Estado próprio e a nossa preocupação de que a única base duradoura para a resolução deste conflito é através da negociação direta entre Israel e os palestinianos”, disse ontem a primeira-ministra australiana Julia Gillard.

A oposição conservadora acusou o governo de indecisão e fraqueza por não tomar uma decisão clara a favor ou contra a elevação do Estatuto palestiniano.

Os jornais australianos disseram que a primeira-ministra queria votar contra a moção palestiniana, mas enfrentou a revolta de vários dos seus ministros. Gillard admitiu que o seu governo trabalhista está dividido quanto é ao chefe de governo que compete a decisão final.
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