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Atriz e coreógrafa russa morreu em ataque ucraniano contra espetáculo para tropas de elite

por Graça Andrade Ramos - RTP
Instagram de Polina Menshikh

Polina Menshikh estava a atuar para fuzileiros que celebravam um feriado militar, domingo dia 19 de novembro no auditório da aldeia de Kumacheve, na província do Donetsk ocupada pela Rússia.

A atriz e coreógrafa russa de dança moderna era voluntária para levantar o moral das tropas.

A sua morte, aos 40 anos, foi confirmada à agência oficial de notícias TASS por responsáveis regionais e numa publicação do teatro Portal de São Petersburgo, fundado por Menshikh.

"É com grande dor que informamos que Polina Menshikh morreu ontem durante um espetáculo em Donetsk, em resultado de um bombardeamento", lamentou o Portal na segunda-feira.

Imagens publicadas na rede Telegram mostram alegadamente a atriz em palco e o momento do impacto, seguido de escuridão e de gritos. 

Menshikh terá sido hospitalizada mas não resistiu aos ferimentos. A sua morte foi a única confirmada por fontes oficiais russas.

As autoridades russas de Donetsk têm reportado mortes de outros civis nas últimas semanas provocadas por bombardeamentos ucranianos, à medida que as tropas de Kiev avançam sobre áreas ocupadas por Moscovo.

A aldeia de Kumacheve, ocupada pela Rússia desde 2014, fica a uns escassos 60 quilómetros da linha da frente.
Dois mísseis
O Palácio da Cultura, o principal edifício de Kumacheve, onde decorriam as celebrações, tinha capacidade para pelo menos 150 pessoas e estaria cheio de membros da 180ª Brigada de Infantaria Naval, de elite, e de membros das suas famílias, ali reunidos para uma cerimónia de entrega de prémios seguida de entretenimento de música e de dança.

Enquanto decorria o espetáculo, o local foi atingido pelo bombardeamento ucraniano. 

Vários relatos referem que um primeiro impacto destruiu o tecto do edifício e soterrou nos escombros a sala de espetáculos e quem lá se encontrava. Um outro míssil atingiu o parque de estacionamento e viaturas de apoio ao espetáculo. Outros edifícios vizinhos foram também afetados.

Os projéteis seriam morteiros 127mm M26 pertencentes ao sistema norte-americano HIMARS.

Imagens publicadas na rede social Telegram mostram a área do impacto e a destruição provocada pelo ataque, que tem estado a ser atribuído pelos responsáveis russos locais à 27.ª Brigada de Artilharia chefiada pelo coronel Dmitry Khrapach.

O ataque terá sido uma retaliação pelo ataque russo de dia três de novembro último que vitimou 19 soldados e oficiais ucranianos da 128ª Brigada de Assalto de Infantaria, reunidos em Zaporizhia para uma cerimónia de entrega de prémios.
Críticas à organização
Oficiosamente, um único porta-voz do exército ucraniano confirmou o ataque à BBC. Além de Polina Menshikh terão morrido de 20 a 25 soldados russos e mais uma centena terão ficado feridos, números não confirmados por Moscovo.

A organização do espetáculo, que reuniu tropas de elite ao alcance dos canhões ucranianos, tem estado a ser severamente criticada por bloggers russos pró-guerra, como reportou o jornal ucraniano Kyiv Post, citando o blog pro-russo VDV Za Chesnost e Spravedlivost.

"A 19 de novembro algum idiota infernal decidiu organizar uma cerimónia de prémios para os marines da 810ª para assinalar o Dia das Tropas de Mísseis e Artilharia, e para isso organizou um concerto. Perto de Starobeshevo [uma cidade ocupada pelo russos bem dentro do alcanca dos projéteis teleguiados de precisão ucranianos], um concerto em festa!!!", denunciou o blog.

"Os nossos rapazes juntaram-se todos no clube, à noite. E claro os [palavrão que designa ucranianos] atingiram o local. Resultado, estão reportadas cerca de 25 mortes e uma centena ficou ferida", acrescentou, referindo-se ainda à morte de Polina Menshikh.
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