Salah Abdeslam, o único sobrevivente do grupo acusado de ter perpetrado os ataques à casa de espetáculos Bataclan, a seis estabelecimentos de restauração e ao perímetro do Estádio de França em 2015, começa a ser julgado esta quarta-feira. Morreram 130 pessoas e 350 ficaram feridas. À chegada ao tribunal, Salah Abdeslam declarou-se um "lutador do Estado Islâmico" e que "não há outro deus que não Alá e Maomé é seu mensageiro".
Vários dos participantes morreram e a organização terrorista Estado Islâmico reclamou responsabilidade pelos ataques.
Treze outros réus, dos quais 10 estão detidos, vão estar ao lado de Salah Abdeslam. Estes são acusados de crimes como fornecimento de armas e carros aos atacantes ou até possível participação no ataque. Três réus estão em liberdade sob supervisão judicial.
Mais seis outras pessoas, elementos do Estado Islâmico, vão ser julgadas à revelia por terem ajudado a organizar os ataques. Doze dos 20 acusados podem ser condenados a prisão perpétua.
Nas primeiras semanas do julgamento, a polícia e os peritos vão descrever como decorreram os ataques. Depois, durante o mês de outubro, serão escutados os testemunhos das famílias das vítimas e dos sobreviventes, com uma semana destinada aos ataques perpetrados no Estádio de França e quatro no Bataclan.
No início de novembro, Abdeslam começa a ser interrogado e será analisado o seu perfil, ligações e viagens à Síria. Esta parte deverá decorrer até fevereiro.
Os restantes acusados também vão ser chamados a depor sobre a preparação dos ataques, que terá decorrido entre agosto e novembro de 2015, sobre os acontecimentos da semana que antecedeu os assaltos e sobre a noite de 13 de novembro de 2015.
Os advogados dos queixosos devem fazer as alegações finais durante o mês de abril de 2022, estando destinado o mês de maio para a defesa. O veredito deverá ser anunciado a 24 ou 25 de maio de 2022.
Conhecido como “o décimo homem”, Abdeslam é apresentado como um antigo delinquente, que transportou três “homens-bomba” para o Estádio de França. Anteriormente, terá viajado pela Europa para ir buscar jihadistas, comprado material para os explosivos, alugado esconderijos e viaturas.
Abdeslam cresceu numa família com cinco filhos no bairro de Moelenbeek, na capital belga. Foi condenado por delitos de trânsito, tentativa de roubo. Gostava de festas, de fumar drogas e de frequentar casino. Sem emprego, era frequentador assíduo de cafés.
Mais seis outras pessoas, elementos do Estado Islâmico, vão ser julgadas à revelia por terem ajudado a organizar os ataques. Doze dos 20 acusados podem ser condenados a prisão perpétua.
Um julgamento histórico
A justiça francesa vai, nos próximos nove meses, reviver os factos da noite de 13 de novembro de 2015, quando os atentados jihadistas provocaram 130 vítimas mortais.
O julgamento do franco-marroquino Abdeslam é o maior alguma vez organizado em França e vai decorrer sob alerta máximo de segurança, num contexto de ameaça terrorista.
Este julgamento “é o de todos os superlativos”, disse o ministro francês da Justiça, após ter visitado a sala de 550 lugares, construída de propósito para as audiências. Eric Dupont-Moretti referia-se à “maratona judicial” que vai decorrer ao longo de nove meses e com 1.800 partes civis. Na sala tribunal, bem como nas salas adicionais, podem ser admitidas duas mil pessoas por dia. Estão ainda envolvidos 330 advogados.
O julgamento será gravado, mas não será transmitido em direto na televisão.
A justiça francesa vai, nos próximos nove meses, reviver os factos da noite de 13 de novembro de 2015, quando os atentados jihadistas provocaram 130 vítimas mortais.
O julgamento do franco-marroquino Abdeslam é o maior alguma vez organizado em França e vai decorrer sob alerta máximo de segurança, num contexto de ameaça terrorista.
Este julgamento “é o de todos os superlativos”, disse o ministro francês da Justiça, após ter visitado a sala de 550 lugares, construída de propósito para as audiências. Eric Dupont-Moretti referia-se à “maratona judicial” que vai decorrer ao longo de nove meses e com 1.800 partes civis. Na sala tribunal, bem como nas salas adicionais, podem ser admitidas duas mil pessoas por dia. Estão ainda envolvidos 330 advogados.
O julgamento será gravado, mas não será transmitido em direto na televisão.
Nas primeiras semanas do julgamento, a polícia e os peritos vão descrever como decorreram os ataques. Depois, durante o mês de outubro, serão escutados os testemunhos das famílias das vítimas e dos sobreviventes, com uma semana destinada aos ataques perpetrados no Estádio de França e quatro no Bataclan.
No início de novembro, Abdeslam começa a ser interrogado e será analisado o seu perfil, ligações e viagens à Síria. Esta parte deverá decorrer até fevereiro.
Os restantes acusados também vão ser chamados a depor sobre a preparação dos ataques, que terá decorrido entre agosto e novembro de 2015, sobre os acontecimentos da semana que antecedeu os assaltos e sobre a noite de 13 de novembro de 2015.
Os advogados dos queixosos devem fazer as alegações finais durante o mês de abril de 2022, estando destinado o mês de maio para a defesa. O veredito deverá ser anunciado a 24 ou 25 de maio de 2022.
Uma investigação tentacular
As autoridades francesas tentaram reconstruir, em colaboração com a justiça belga, a parte relativa à logística dos ataques, incluindo o trânsito pela Europa de membros do grupo que chegaram da Síria através da rota migratória e que encontraram refúgio em Bruxelas e em Paris.
As investigações permitiram descobrir uma célula mais importante do que a que perpetrou os ataques, com ligações aos atentados no aeroporto de Zaventem e à estação de metro de Maelbeek, em Bruxelas, a 22 de março de 2016. Nestes atentados morreram 32 pessoas.
O belga-marroquino e veterano do Estado Islâmico Oussama Atar é considerado o principal cérebro dos atentados, mas não foi apanhado. Juntamente com os irmãos franceses Fabien et Jean-Michel Clain, possivelmente mortos, serão julgados à revelia.
Por isso, Salah Abdeslam e o também belga-marroquino Mohamed Abrini são a chave do processo. No entanto, Abdeslam nunca prestou declarações durante a fase de investigação, mas logo após a detenção terá dito que queria fazer-se explodir no Estádio de Saint-Denis. Contudo, os especialistas concluíram que o seu cinto de explosivos estava com defeito.
“Este julgamento promete ser carregado de emoções, mas a justiça terá de mantê-las à distância se não quiser perder de vista os princípios em que se baseia nosso Estado de Direito”, alertam as advogadas de Salah Abdeslam, Olivia Ronen e Martin Vettes.
Quem é Salah Abdeslam
As investigações permitiram descobrir uma célula mais importante do que a que perpetrou os ataques, com ligações aos atentados no aeroporto de Zaventem e à estação de metro de Maelbeek, em Bruxelas, a 22 de março de 2016. Nestes atentados morreram 32 pessoas.
O belga-marroquino e veterano do Estado Islâmico Oussama Atar é considerado o principal cérebro dos atentados, mas não foi apanhado. Juntamente com os irmãos franceses Fabien et Jean-Michel Clain, possivelmente mortos, serão julgados à revelia.
Por isso, Salah Abdeslam e o também belga-marroquino Mohamed Abrini são a chave do processo. No entanto, Abdeslam nunca prestou declarações durante a fase de investigação, mas logo após a detenção terá dito que queria fazer-se explodir no Estádio de Saint-Denis. Contudo, os especialistas concluíram que o seu cinto de explosivos estava com defeito.
“Este julgamento promete ser carregado de emoções, mas a justiça terá de mantê-las à distância se não quiser perder de vista os princípios em que se baseia nosso Estado de Direito”, alertam as advogadas de Salah Abdeslam, Olivia Ronen e Martin Vettes.
Quem é Salah Abdeslam
Conhecido como “o décimo homem”, Abdeslam é apresentado como um antigo delinquente, que transportou três “homens-bomba” para o Estádio de França. Anteriormente, terá viajado pela Europa para ir buscar jihadistas, comprado material para os explosivos, alugado esconderijos e viaturas.
Abdeslam cresceu numa família com cinco filhos no bairro de Moelenbeek, na capital belga. Foi condenado por delitos de trânsito, tentativa de roubo. Gostava de festas, de fumar drogas e de frequentar casino. Sem emprego, era frequentador assíduo de cafés.
A partir de 2014, mudou de comportamento. Começou a falar da Síria, parou de beber e começou a interessar-se por religião juntamente com um irmão. Foi detido na Bégica em 2016. Tem 31 anos.
Instado a identificar-se aquando da abertura da audiência, Abdeslam proferiu: "em primeiro lugar, gostaria de testemunhar que 'não há deus senão Alá e Maomé é seu mensageiro". Questionado sobre a profissão, respondeu: "Desisti de qualquer profissão para me tornar um lutador do Estado Islâmico".
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