Ataques russos à infraestrutura energética da Ucrânia deixam um milhão sem energia
Os ataques russos à infraestrutura energética da Ucrânia cortaram esta quinta-feira a eletricidade a pelo menos um milhão de pessoas em três regiões ocidentais, a centenas de quilómetros da linha da frente. As autoridades ucranianas falam de “um duro golpe” e acusam Moscovo de usar “munições de fragmentação”.
A Força Aérea da Ucrânia revelou que durante a noite abateu 79 mísseis e 35 drones.
“As infraestruturas energéticas são mais uma vez alvo de um ataque massivo do inimigo”, declarou o ministro ucraniano da Energia, German Galushchenko.
O governante revelou que o operador da rede elétrica nacional Ukrenergo tinha “introduzido urgentemente cortes de energia de emergência”, uma vez que as temperaturas em todo o país desceram para valores próximos do zero. Não se prevê que a temperatura em Kiev ultrapasse esta quinta-feira os 2ºC.
O principal fornecedor de energia, a DTEK, disse que a Ukrenergo estava a introduzir cortes de energia de emergência nas regiões de Kiev (centro-norte), Odessa (sul), Dnipro (este) e Donetsk (sudeste).Na manhã desta quinta-feira, ouviram-se explosões nas cidades ucranianas de Odessa, Kropyvnytskyi, Kharkiv, Rivne e Lutsk, no meio de relatos de um ataque de mísseis de cruzeiro russos, informaram os meios de comunicação ucranianos Zerkalo Tyzhnya e Suspilne.
A Rússia já tinha efetuado dez ataques em massa às infraestruturas energéticas do país, o que prejudicou o sistema e provocou receios de longos cortes de energia antes dos meses de inverno.
Por prevenção, a Ucrânia desligou várias unidades de energia nuclear da rede devido aos ataques russos desta quinta-feira, revelou fonte da indústria de energia ucraniana à Reuters.
Segundo o presidente da câmara de Kharkiv, Ihor Terekhov, “o inimigo continua a atacar Kharkiv com mísseis. Já o governador da região de Odesa, Oleh Kiper, apelou aos residentes para que se abrigassem. E o autarca de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que a defesa aérea estava a funcionar.
Foi acionado um alerta aéreo a nível nacional, tendo a força aérea ucraniana comunicado que os ataques com mísseis tinham como alvo as regiões de Odessa (sul), Kirovograd (centro), Kherson (leste) e Mykolaïv (sul) em particular.
Foram registados destroços de mísseis em dois locais de Kiev, mas as autoridades locais afirmaram que as defesas aéreas intercetaram todos os mísseis disparados contra a capital. O presidente da câmara confirmou a existência de danos materiais, mas não de vítimas.
Rússia abateu 25 drones ucranianos
Os sistemas de defesa aérea da Rússia destruíram 25 drones ucranianos durante a noite em quatro regiões, revelou o Ministério da Defesa esta quinta-feira.
Catorze dos drones foram destruídos sobre a região de Krasnodar, seis sobre a região de Bryansk, três sobre a Crimeia anexada a Moscovo e dois sobre a região de Rostov, acrescentou.
O governador regional de Krasnodar, Veniamin Kondratyev, escreveu no Telegram que dois distritos da região sul da Rússia foram sujeitos a um “ataque maciço de drones” durante a noite. Um civil ficou ferido.
Rússia intensifica pressão na Ucrânia
Moscovo está a intensificar a sua pressão militar sobre o país, na sequência da eleição de Donald Trump. Na terça-feira, a Rússia tinha anunciado uma “resposta” a dois novos ataques ucranianos utilizando mísseis ATACMS norte-americanos contra o seu território nos dias anteriores.
A Rússia tem vindo a bombardear zonas civis em toda a Ucrânia desde o início da sua invasão do país, em fevereiro de 2022, e intensificou os seus ataques à medida que o inverno se aproxima, visando em particular as infraestruturas energéticas.
O chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky disse que os ataques mostraram que a Rússia estava “a continuar com as suas táticas de terror” e prometeu que a Ucrânia retaliaria.
“Eles armazenaram mísseis para atacar as infraestruturas ucranianas, para fazer guerra aos civis durante (...) o inverno”, disse Andriy Yermak numa mensagem no Telegram.
Na frente, Moscovo está a obter ganhos territoriais contra um exército ucraniano enfraquecido, a menos de dois meses da tomada de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na quarta-feira, a Administração cessante de Joe Biden pediu a Kiev que baixasse a idade mínima de mobilização militar para 18 anos, em vez dos atuais 25, para compensar a falta de soldados face ao avanço das forças russas no terreno.
“Continuaremos absolutamente a enviar armas e equipamento para a Ucrânia. Sabemos que isso é vital. Mas os recursos humanos são igualmente vitais”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, em comunicado.
Por seu lado, Trump anunciou na quarta-feira que nomeava o antigo general Keith Kellogg, 80 anos, como emissário para colocar um ponto final no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, e apelou a Kiev para fazer uma série de concessões.
Em memorando publicado em abril, Kellogg sublinhou que “qualquer futura ajuda militar dos EUA exigirá que a Ucrânia participe em conversações de paz com a Rússia”. Apelou também ao “adiamento da adesão da Ucrânia à NATO por um período alargado”, a fim de “convencer (o Presidente russo Vladimir) Putin a participar nas conversações de paz”.
“Juntos, alcançaremos a paz através da força e tornaremos a América e o mundo novamente seguros”, escreveu o Presidente eleito numa publicação na sua rede social Truth.
Muito crítico em relação aos milhares de milhões de dólares disponibilizados pelos Estados Unidos para a Ucrânia, Donald Trump prometeu resolver a guerra entre Kiev e Moscovo mesmo antes de tomar posse em janeiro - sem nunca explicar como.
c/ agências