"Ataques coordenados" em França. Macron convoca Conselho de Defesa
Depois do ataque de Nice, que vitimou mortalmente três pessoas, registaram-se esta quinta-feira mais ataques ou tentativas de ataque em território francês, nomeadamente em Avignon, Porte de la Chapelle, Paris, e Lyon. O Ministério do Interior fala de ações coordenadas e o primeiro-ministro francês, Jean Castex, elevou o nível de alerta terrorista em todo o país.
Castex, que anunciou a medida na Assembleia Nacional, qualificou o ataque de "ignóbil, bárbaro e abjeto" e prometeu uma resposta "firme, implacável e imediata".
"Estamos solidários com a França. O terrível ataque na Catedral de Nice reforça a nossa determinação em manter a Europa unida contra o ódio, na defesa da liberdade e da tolerância", escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.
Estamos solidários com a França. O terrível ataque na Catedral de Nice reforça a nossa determinação em manter a Europa unida contra o ódio, na defesa da liberdade e da tolerância.
— António Costa (@antoniocostapm) October 29, 2020
"Foi com profunda consternação que o Governo português tomou conhecimento do ataque perpetrado hoje de manhã por um indivíduo armado na cidade francesa de Nice, que provocou várias vítimas mortais", lê-se na nota enviada à comunicação social, onde o Executivo, "no quadro da amizade fraterna que une os dois Povos, expressa as suas mais sentidas condolências às famílias das vítimas e reafirma a sua solidariedade para com o Governo de França".
"O Governo português reitera a sua condenação veemente de todas as formas de violência e reitera o seu compromisso com o combate ao extremismo, ao racismo, ao ódio e à intolerância em geral".
A procuradoria antiterrorista francesa anunciou a abertura de uma investigação por "assassínio" após o ataque, em que pelo menos uma das vítimas mortais foi degolada e várias outras pessoas ficaram feridas.
A polícia da região de Meca "deteve um cidadão que atacou um guarda do consulado francês com um objeto pontiagudo, [tendo este ficado] ligeiramente ferido", noticia a SPA sem mais pormenores.
"O agressor foi imediatamente preso pelas forças de segurança sauditas após o ataque e o segurança levado para o hospital", informou a embaixada francesa, em comunicado, garantindo que a vida do guarda não está em perigo.
"Apelamos aos nossos compatriotas na Arábia Saudita para estarem em alerta máximo", aconselhou, no entanto, a embaixada.
Na Arábia Saudita, que abriga alguns dos locais mais sagrados do Islão, o caso provocou muitas críticas a França, mas muito mais discretas do que em outros países. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita garantiu que o reino "rejeita qualquer tentativa de vincular o Islão ao terrorismo", enquanto as autoridades religiosas condenaram as caricaturas, mas pediram ao profeta para fornecer "misericórdia, justiça e tolerância".
O Vaticano veio entretanto condenar o ataque à faca que provocou as mortes de três pessoas numa igreja católica de Nice, no sudeste de França, dizendo que "o terrorismo e a violência nunca serão aceites".
"É um momento de dor num período de confusão. O terrorismo e a violência nunca podem ser aceites", refere um comunicado do porta-voz do Vaticano Matteo Bruni.
A nota acrescenta que o Papa Francisco "ora pelas vítimas e seus familiares", "para que a violência cesse, para que possamos mais uma vez ser considerados como irmãos e não como inimigos, para que o querido povo francês possa reagir unido contra o mal, com o bem".
Também a Turquia condenou "veementemente" o ataque "selvagem" à facada que causou pelo menos três mortos em Nice, no sudeste de França, pondo de lado as tensões entre Ancara e Paris para exprimir a sua "solidariedade".
"Condenamos veementemente o ataque que foi cometido hoje no interior da igreja de Notre-Dame de Nice (…) e apresentamos as nossas condolências aos familiares das vítimas", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco num comunicado.
"É claro que os que cometeram um ataque tão selvagem num local de culto sagrado não podem inspirar-se em qualquer valor religioso, humano ou moral", adiantou, exprimindo a sua "solidariedade com o povo francês face ao terrorismo e à violência".
Recorde-se que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, atacou com violência Emmanuel Macron nos últimos dias, acusando-o de dirigir uma "campanha de ódio" contra o islão e questionando o estado da sua "saúde mental".