Ataque na Rússia. Ucrânia nega qualquer envolvimento

por Joana Raposo Santos - RTP
A Ucrânia garantiu que "nunca utilizou métodos de guerra terroristas". Maxim Shemetov - Reuters

Poucas horas depois do tiroteio e das duas explosões numa sala de espetáculos junto a Moscovo, na Rússia, que resultou em pelo menos 62 vítimas mortais, a Ucrânia veio descartar qualquer responsabilidade. Pouco depois, o autoproclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque. Segundo as autoridades russas, os autores continuam em fuga.

"Sejamos claros, a Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com estes acontecimentos", vincou Mykhaïlo Podoliak, conselheiro da Presidência ucraniana, no Telegram. "A Ucrânia nunca utilizou métodos de guerra terroristas".

Para Kiev, "é importante levar a cabo operações de combate eficazes e ações ofensivas para destruir o exército russo" e pôr fim à invasão, acrescentou o responsável.

Mais tarde, os serviços secretos ucranianos acusaram o Kremlin e os seus serviços secretos de orquestrarem o ataque mortal desta noite para culparem a Ucrânia e justificarem assim uma "escalada" da guerra.

"O ataque terrorista em Moscovo foi uma provocação planeada e deliberada pelos serviços secretos russos sob as ordens de (Vladimir) Putin. O seu objetivo é justificar ataques ainda mais duros contra a Ucrânia e a mobilização total na Rússia", asseguraram os serviços de informação militar ucranianos (GUR), acrescentando que o ataque "deve ser entendido como uma ameaça de Putin para escalar e prolongar a guerra".

Esta tese foi contrariada pouco depois, quando o autoproclamado Estado Islâmico escreveu uma mensagem na plataforma Telegram na qual reivindicou a autoria do ataque.

“[Os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico] atacaram uma grande concentração (...) nos arredores da capital russa, Moscovo”, declarou este grupo numa das suas contas do Telegram.

O grupo "regressou depois em segurança à sua base", refere a mensagem.
Portugal apelidou ataque de “horrendo”
As reações ao episódio desta sexta-feira junto a Moscovo foram chegando de vários países nas horas seguintes. Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros escreveu na rede social X que “as notícias de Moscovo são horrendas” e que “ataques contra civis são sempre inaceitáveis”, enviando as condolências às famílias das vítimas.

Numa nota também na rede X, a Embaixada de Portugal em Moscovo aconselhou os cidadãos portugueses a evitar a zona da sala de concertos e "a seguir as instruções das autoridades locais".

Também o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas António Guterres veio dizer que este "condena veementemente" o ataque em Moscovo.

Um porta-voz da União Europeia afirmou que Bruxelas está "chocada e perturbada" com o "ataque terrorista" em Moscovo.

Em comunicado, o Governo brasileiro expressou "repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo" e expressou "condolências aos familiares das vítimas".

"O Brasil manifesta a sua solidariedade ao povo e ao Governo da Rússia e reitera o seu firme repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo", acrescenta.

Já o líder checheno, Ramzan Kadyrov, veio "condenar veementemente este ato de violência, brutalidade e imprudência contra civis".

O Ministério francês dos Negócios Estrangeiros também reagiu, falando em imagens "terríveis" vindas de Moscovo e dizendo que "estes atos odiosos" devem ser esclarecidos.

A Casa Branca disse, por sua vez, que as imagens que circulam nos meios de comunicação e redes sociais são "horríveis" e que os seus pensamentos estão com as vítimas.

"Os americanos em Moscovo devem ficar onde estão após o tiroteio", alertou Washington, que disse ainda não haver qualquer indicação de que a Ucrânia esteja envolvida neste episódio.
A embaixada dos EUA na Rússia tinha avisado no início deste mês que "extremistas" tinham planos iminentes para um ataque em Moscovo. Esse alerta foi lançado horas depois de o Serviço Federal de Segurança da Rússia ter avançado que impediu um ataque do autoproclamado Estado Islâmico a uma sinagoga da capital russa.
A Legião da Liberdade da Rússia, um grupo de combatentes russos anti-Kremlin sediado na Ucrânia que realiza regularmente incursões armadas nas regiões fronteiriças russas, veio negar qualquer envolvimento no ataque a uma sala de concertos nos arredores de Moscovo.

"A Legião da Liberdade não combate civis russos", assegurou o grupo no Telegram, acusando "o regime terrorista de Putin" de ter "preparado" esta "provocação sangrenta", bem como a sua "cobertura mediática".
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