As forças israelitas lançaram um ataque aéreo a uma escola da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês) em Gaza, alegando que o edifício era um "complexo do Hamas". De acordo com as autoridades locais, morreram dezenas de pessoas que se abrigavam no local, que era um abrigo de deslocados no campo de refugiados de Nuseirat.
"Os terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica, pertencentes às forças de Nukhba, que participaram no ataque mortal às comunidades do sul de Israel a 7 de outubro, operavam no complexo. Os terroristas dirigiam a campanha de terror a partir da zona da escola, explorando-a e utilizando-a como abrigo", acrescentaram as forças israelitas.
As Forças de Defesa de Israel alegaram ainda que, “antes do ataque, foram tomadas uma série de medidas para reduzir o risco de ferir civis não envolvidos durante o ataque, incluindo a realização de vigilância aérea e informações adicionais de inteligência”.Testemunhas locais descreveram às agências de notícias que um avião de guerra israelita disparou mísseis contra as salas de aulas do último andar da escola daquele campo de refugiados.
Já o diretor do gabinete de imprensa do Governo gerido pelo Hamas rejeitou as reivindicações de Israel.
Israel “recorre à mentira à opinião pública através de histórias falsas e fabricadas para justificar o crime brutal que conduziu contra dezenas de pessoas deslocadas”, ripostou Ismail Al-Thawabta. As autoridades palestinianas anunciaram, inicialmente, que teriam sido mortas pelo menos 27 pessoas e muitas tinham ficado feridas no ataque ao campo de Nusseirat, no centro da Faixa de Gaza. O último balanço, contudo, aponta para mais de 45 vítimas mortais.
“Um número considerável de mártires e de feridos continua a afluir ao hospital dos Mártires de Al-Aqsa”, situado na cidade de Deir al-Balah, perto de Nusseirat, declarou o gabinete de imprensa do Hamas, acusando o exército israelita de ter cometido um “massacre horrível”.
Ao início da noite, o hospital tinha comunicado a “avaria de um dos seus geradores elétricos”, o que podia complicar o tratamento dos doentes vulneráveis e provocar “uma catástrofe humanitária”. Antes deste ataque, este hospital já tinha recebido “pelo menos 70 mortos e mais de 300 feridos, na sua maioria mulheres e crianças, na sequência dos ataques israelitas nas zonas centrais da Faixa de Gaza”, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras, numa mensagem escrita na rede social X (antigo Twitter).
O ataque das últimas horas acontece depois de Israel ter anunciado uma nova campanha militar no centro de Gaza, perseguindo os militantes do Hamas que, segundo as autoridades israelitas, se reagruparam nesses campos.
As tropas israelitas voltam a invadir secções da Faixa de Gaza que já tinham invadido anteriormente, sublinhando a resistência do Hamas apesar da ofensiva de quase oito meses no enclave.
Outro ataque a uma casa durante a noite matou seis pessoas, de acordo com os registos. Ambos os ataques ocorreram em Nuseirat, um dos vários campos de refugiados construídos em Gaza, que remonta à guerra de 1948 quando centenas de milhares de palestinianos fugiram ou foram expulsos dos locais de residência antes do estabelecimento do Estado de Israel.
c/ agências