O ataque israelita que matou segunda-feira na Síria um dos principais comandantes dos Guardas da Revolução, exército ideológico do Irão, provocou a morte de três outros combatentes pró-iranianos, indicou hoje o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Segundo anunciaram segunda-feira as autoridades de Teerão, o brigadeiro-general Razi Moussavi foi alvo de "três mísseis" disparados por Israel quando se encontrava no bairro de Sayeda Zeinab, a sul de Damasco, onde as milícias pró-iranianas que apoiam o regime do Presidente Bashar al-Assad têm uma forte presença.
"Três outros combatentes pró-iranianos, um sírio e dois estrangeiros, também foram mortos no ataque", referiu o observatório, que tem sede no Reino Unido e possui uma extensa rede de fontes na Síria.
A ONG afirmou também que "mísseis terra-terra israelitas" atingiram hoje "duas posições pertencentes a combatentes pró-iranianos perto dos montes Golã sírios ocupados por Israel", sem mencionar quaisquer vítimas.
Segundo a mesma fonte, os grupos pró-iranianos desta região estão em alerta máximo desde a morte de Razi Moussavi.
O oficial iraniano era apresentado por Teerão como "um dos conselheiros mais experientes" da Força Qods, o ramo de operações no estrangeiro e unidade de elite dos Guardas da Revolução.
Os Guardas da Revolução, aliás, responsabilizaram Israel pelos ataques e prometeram vingar a morte de Moussavi.
O Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, também responsabilizou Israel.
Segundo os Guardas da Revolução, o general Moussavi era "o chefe logístico do eixo da resistência" na Síria, que, para além do governo de Damasco, inclui todos os movimentos anti-israelitas da região.
Os habitantes de Sayeda Zeinab informaram hoje que os combatentes pró-iranianos estavam em alerta na zona, onde também estão presentes membros do Hezbollah libanês.
Na noite de segunda-feira, num comunicado, o Hezbollah considerou a morte de Moussavi um "assassínio" e "um ataque flagrante que ultrapassa todas as fronteiras".
Razi Moussavi é o mais importante comandante da Força Qods a ser morto fora do Irão desde o general Qassem Soleimani, então chefe da força e figura-chave da República Islâmica no Médio Oriente, abatido num ataque norte-americano no Iraque a 03 de janeiro de 2020.
O Irão e o Hezbollah têm prestado assistência militar ao regime sírio desde o início do conflito na Síria, em 2011.
Israel efetuou centenas de ataques aéreos contra a Síria desde 2011, visando principalmente as milícias apoiadas pelo Irão, o Hezbollah e o exército sírio.
As autoridades israelitas raramente comentam as operações na Síria, mas afirmam que pretendem impedir o Irão de se instalar num país vizinho.