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Ataque ao Capitólio. Jacob Chansley acusado de entrada violenta e conduta desordeira

por Joana Raposo Santos - RTP
O homem, membro do grupo conspiracionista QAnon, disse não ter feito nada de errado. Stephanie Keith - Reuters

Jacob Anthony Chansley, o homem visto a invadir o Capitólio com um chapéu de pêlo, um adereço com cornos e a bandeira americana pintada no rosto e erguida na mão, foi acusado de entrada violenta e conduta desordeira.

Chansley autointitula-se de QAnon Shaman, alcunha que faz referência ao grupo conspiracionista QAnon. Iniciado em 2017, este movimento vê Donald Trump como um herói.

A teoria-base do grupo é a de que o presidente cessante está a levar a cabo uma guerra contra democratas, elementos da comunicação social e empresários que acusa de serem pedófilos e traficantes de menores.

O QAnon acredita que esta alegada luta levará à detenção e execução de figuras de relevo, entre as quais a democrata e antiga candidata presidencial Hillary Clinton.

O ainda presidente norte-americano já descreveu os membros do QAnon como “pessoas que amam os Estados Unidos”.

Agora, o homem que terá liderado o ataque ao Capitólio, na quarta-feira, enfrenta acusações de entrada violenta e conduta desordeira.

“Chansley foi identificado como o homem visto na cobertura noticiosa que entrou no edifício do Capitólio usando um adereço com cornos, um chapéu de pelo de urso, tinta vermelha, branca e azul no rosto, tronco nu e calças bege”, lê-se num comunicado do procurador federal de Washington.

“Este indivíduo transportava uma lança de aproximadamente 1,80 metros de comprimento, com uma bandeira americana atada logo abaixo da lâmina da mesma”, acrescenta.

Foto: Mike Theiler - Reuters

Jacob Chansley ainda não se pronunciou sobre as acusações, mas a BBC conseguiu falar com este homem no sábado sobre o seu papel na invasão ao Capitólio. “Foi um dia bonito”, considerou o “QAnon Shaman”.

O homem, também conhecido por “Jake Angeli”, disse não ter feito nada de errado e garantiu que tinha a verdade e Deus do seu lado.

Chansley esclareceu ainda que não estiveram presentes na manifestação quaisquer membros de grupos de extrema-esquerda, tais como o Antifa. “Éramos patriotas a fazer o que os nossos fundadores teriam feito”, afirmou, até porque os membros do Antifa “são cobardes sem compromissos para com o seu país”.
Mais de uma dezena de acusados
Um comunicado da polícia avança que, para além de Chansley, foi também detido Adam Johnson, o homem de 36 anos fotografado a carregar nos braços o púlpito de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes.

Johnson é acusado de roubo de propriedade do Governo e de entrada violenta no edifício.

Outro dos acusados é Derrick Evans, legislador do Estado da Virgínia Ocidental, que alegadamente publicou um vídeo de si mesmo junto ao Capitólio com apoiantes de Trump, sendo depois visto a entrar no edifício.

No total, mais de uma dezena de pessoas enfrentam acusações relacionadas com a invasão, que ocorreu no dia em que eram contados os votos do Colégio Eleitoral para oficializar a vitória de Joe Biden, cuja tomada de posse acontece a 20 de janeiro.

Donald Trump enfrenta agora mais um processo de destituição, levado a cabo pelo Partido Democrático, por ter incentivado aos seus apoiantes que se manifestassem, o que acabou por originar distúrbios graves junto ao Capitólio. A invasão ao edifício resultou em cinco vítimas mortais.
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