Os Estados Unidos divulgaram na quinta-feira um vídeo que alegadamente mostra uma embarcação iraniana a remover uma mina do petroleiro japonês Kokura Courageous, um dos dois que horas antes foram alvo de um possível ataque no Golfo de Omã.
“O Governo dos Estados Unidos considera que (…) estes ataques constituem uma ameaça clara à paz e segurança internacionais, um flagrante ataque à liberdade de navegação e uma campanha inaceitável de tensão em espiral pelo Irão”, declarou Pompeo.
No mesmo dia, o Comando Central dos Estados Unidos, responsável pelas operações militares desta potência mundial, divulgou o polémico vídeo que mostra uma embarcação com vários homens que removem um objeto de um dos lados exteriores do petroleiro japonês, cerca de oito horas depois dos alegados ataques.
American officials released images they said show that Iran was involved in an attack on an oil tanker near the entrance to the Persian Gulf on Thursday https://t.co/fhormIDZT9 pic.twitter.com/LEzuVVrYpB
— Bloomberg Politics (@bpolitics) 14 de junho de 2019
Os EUA acreditam que essa embarcação é iraniana, que o objeto em questão é uma mina que não chegou a explodir e que o objetivo dos tripulantes era recuperar provas do seu envolvimento no ataque contra os petroleiros.
De acordo com um funcionário do Comando Central, o vídeo foi capturado por uma aeronave militar norte-americana que sobrevoava o local. Na zona onde estava o petroleiro japonês encontrava-se também uma fragata de guerra e um drone norte-americanos, algo que não impediu a alegada recuperação de provas.
Outro funcionário contou à CNN que outros pequenos barcos iranianos entraram na área onde a fragata de guerra USS Bainbridge se encontra, o que levou o Comando Central a deixar claro que “não será tolerada qualquer interferência com a USS Bainbridge ou a sua missão”.
Irão rejeita acusações
Para além do vídeo, o Comando divulgou imagens dos tripulantes da USS Bainbridge a prestar auxílio aos membros do Kokura Courageous após o ataque, que a Associação Internacional dos Proprietários Independentes de Petroleiros considera ter sido “bem planeado e coordenado”, com as minas colocadas “junto à linha da água, próximo dos motores”.Os 44 tripulantes dos navios japonês e norueguês tiveram de ser resgatados pelas marinhas do Irão e dos Estados Unidos, não tendo sido registadas vítimas.
A Missão Permanente do Irão para as Nações Unidas já rejeitou as acusações norte-americanas, considerando que estas “não possuem fundamento” e garantindo que Teerão está preocupado com estes “incidentes suspeitos”.
Já o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, considerou suspeito que o ataque ao Kokura Courageous tenha ocorrido na altura em que o primeiro-ministro japonês se encontrava no Irão numa tentativa de acalmar as tensões entre esse país e os Estados Unidos.
Tensão crescente
O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se contra aos ataques, dizendo condenar “com veemência qualquer ataque contra embarcações civis”. “Há que apurar os factos e clarificar responsabilidades. Se há algo a que o mundo não pode se pode sujeitar é a um confronto em larga escala na zona do Golfo”, frisou.O recente ataque chega numa altura de tensão entre o Irão e os Estados Unidos, que atingiu o pico no início de maio, quando a Administração Trump destacou um porta-aviões e bombardeiros para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão e impedir eventuais ataques por parte do país contra as forças norte-americanas na região.
Poucos dias depois, Teerão anunciou a retirada parcial do acordo nuclear que tinha assinado com outros seis países em 2015 e que os Estados Unidos haviam já abandonado no ano passado. O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, ameaçou mesmo retomar o enriquecimento de urânio.
Na semana seguinte, dois petroleiros sauditas sofreram danos num alegado ataque de sabotagem na costa dos Emirados Árabes Unidos, incidente no qual John Bolton acredita que o Irão esteve “quase de certeza” envolvido.