Ataque a Gaza. Familiares acusam Netanyahu de "sacrificar" os reféns

RTP
Ronen Zvulun - Reuters

A maior associação israelita de familiares de reféns do Hamas acusou esta terça-feira o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de "sacrificar" os reféns que continuam retidos em Gaza. Uma acusação que surge no dia em que Telavive lançou ataques contra o território palestiniano, em pleno cessar-fogo, provocando mais de 400 vítimas mortais. Entretanto, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiro, Gideon Saar, veio acrescentar que este "não foi um ataque de um dia".

O regresso aos combates pode significar uma "sentença de morte" dos reféns israelitas que ainda se encontram nas mãos do Hamas, alegam os familiares.

“O Hamas não pode ser derrotado enquanto os reféns estiverem lá, os vivos e os mortos, a menos que o governo decida deliberadamente sacrificar as vidas dos nossos filhos”, disse Michel Illouz, pai de Guy Illouz, morto durante o ataque de 7 de outubro no festival Nova e cujo corpo foi levado para Gaza.

A maior associação de familiares de reféns do Hamas, em comunicado, apontam o dedo aos responsáveis do Governo israelita. Reportam que: “Não se reuniram connosco - porque estavam a preparar para rebentar com o cessar-fogo. Isto poderá significar sacrificar os reféns”.

Exortam mesmo que as Forças israelitas “parem de os matar”. “A pressão militar pode pôr ainda mais em perigo as vidas dos reféns e complicar os esforços para trazê-los de volta em segurança”, acrescentou.

O Ministério da Saúde do Governo do Hamas, em Gaza, reportou “pelo menos 413 mortos” resultantes dos ataques realizados no território palestiniano, “com uma violência sem precedentes desde o início da trégua”, a 19 de janeiro.

Os familiares dos reféns voltaram a manifestaram-se em Jerusalém junto ao gabinete do primeiro-ministro. Exigem o fim da guerra e o regresso às negociações.

Os bombardeamentos israelitas desta terça-feira desencadearam uma onda de publicações de revolta que encheram as redes sociais. Vários reféns libertados durante o período de cessar-fogo partilharam mensagens de apoio aos ainda em cativeiro.

“O meu coração está partido (...) continuaremos a lutar sem parar para que vocês voltem”, escreveu no Instagram Emily Damari, libertada em janeiro. Eliya Cohen, libertada em fevereiro, descreveu os bombardeamentos como “Sentença de morte”.

“E os reféns? - Esta manhã, quando percebemos que estávamos em guerra novamente, o primeiro pensamento que tive foi 'e os reféns?'”, alegou Eliya.
"Não foi um ataque de um dia"
Perante esta quebra do acordo de tréguas, o ministro dos Negócios Estrangeiro de Israel, Gideon Saar, veio aumentar esta inquietação como anúncio que esta terça-feira "não foi um ataque de um dia".

"Nós encontramo-nos num impasse – com nenhum refém a ser libertado e sem qualquer ação militar. Decidimos atacarmos o Hamas e alvos terroristas adicionais em Gaza. Não é um ataque de um dia. 

Continuaremos a operação militar nos próximos dias", deixou claro Saar, dirigindo-se ao lobby pró-Israel do Conselho de Administração da AIPAC - Comité de Assuntos Públicos Americano-Israelitas. 
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